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Dezenas de palestinos ficam feridos em confronto com a polícia em Jerusalém após oração em Al Aqsa

Agentes ocuparam a mesquita antes da marcha prevista de milhares de nacionalistas israelenses pelo bairro muçulmano da Cidade Velha

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM EL PAÍS 10/05/2021
A escalada de violência durante o mês do Ramadã em Jerusalém entra nesta segunda-feira em sua jornada de maior tensão. Mais de 180 palestinos ficaram feridos, dos quais 80 tiveram que ser hospitalizados, em confrontos com a polícia israelense durante a primeira oração da manhã na mesquita de Al Aqsa, terceiro lugar mais sagrado do islamismo. Imagens difundidas pelas redes sociais mostram fiéis envoltos em gás lacrimogênio no interior do templo, enquanto na esplanada do recinto religioso havia uma batalha com pedradas de uma parte e lançamento de bombas atordoantes do outro.

Mais de 500 palestinos e 30 policiais de Israel ficaram feridos desde sexta-feira numa das piores ondas de confrontos desde a Segunda Intifada (2000-2005), o que suscitou o alerta da comunidade internacional. Os Estados Unidos, principal aliado do Israel, pediu ao Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que trate de reduzir a tensão na Cidade Sagrada.

A polícia proibiu a entrada dos nacionalistas na Esplanada das Mesquitas, chamada pelos judeus de Monte do Templo, durante a celebração do Dia de Jerusalém, nesta segunda. Essas visitas são tradicionais na data em que o Exército de Israel conquistou a parte oriental da cidade durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

À tarde está previsto que dezenas de milhares de nacionalistas e colonos israelenses saiam com a bandeira da Estrela de Davi pelo bairro muçulmano da Cidade Velha, em um provocador desfile que todos os anos faz a tensão disparar em Jerusalém. A pedido do procurador-geral de Israel, o Tribunal Supremo adiou no domingo a publicação da sentença final, que estava anunciada para esta segunda-feira, sobre o despejo de várias famílias palestinas das casas que ocupam há sete décadas no bairro de Sheikh Jarrah, na parte norte do centro histórico. Esses desalojamentos foram promovidos junto à Justiça por uma associação de colonos judeus e, junto com os protestos contra as barreiras policiais instaladas no Ramadã na Porta de Damasco, principal acesso ao bairro muçulmano, motivaram a onda de violência em Jerusalém durante o mês sagrado do islamismo. Em ambos os casos, Israel recuou para evitar que a tensão explodisse.