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Sob pressão, Netanyahu escala conflito
A escalada militar coincide com a fragilização política do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, alvo de protestos e de uma votação no Parlamento que podem levar ao fim de seu governo
Israel realizou nessa segunda-feira (1) o mais grave ataque contra alvos iranianos desde as atrocidades cometidas pelo Hamas no dia 7 de outubro. A escalada militar coincide com a fragilização política do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, alvo de protestos e de uma votação no Parlamento que podem levar ao fim de seu governo.
O bombardeio destruiu o consulado iraniano em Damasco e matou Mohammed Reza Zahedi, um dos principais comandantes da Guarda Revolucionária, a força de elite que protege o regime, entre outros militares e civis. Aviões israelenses também atingiram alvos da Guarda em Aleppo, no norte da Síria.
Zahedi é o comandante mais importante da Guarda morto em um ataque desde o general Qassem Soleimani, assassinado por um bombardeio americano ordenado pelo então presidente Donald Trump em janeiro de 2020. Segundo autoridades iranianas, o total de mortes chegou a sete, entre militares e diplomatas.
Dificilmente o regime iraniano, já abalado por protestos populares e por bombardeios anteriores de Israel e dos Estados Unidos contra seus alvos na Síria e no Iraque, deixará o ataque passar em branco. O cenário mais provável é uma escalada por parte do Hezbollah, milícia xiita no Líbano, que como o Hamas também é patrocinado pelo Irã.
No domingo, as Forças de Defesa de Israel afirmaram ter matado um importante comandante da unidade antitanques do Hezbollah no Líbano, Ismail Ali al-Zin.
Diferentemente da ação no Líbano, os bombardeios aéreos na Síria não são assumidos publicamente por Israel, mas não há muitas dúvidas sobre sua autoria.
Milhares de manifestantes foram às ruas de Tel-Aviv e Jerusalém no fim de semana, nos maiores protestos desde o início da guerra contra o Hamas. Os manifestantes criticaram o governo por não ter conseguido obter a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas e pediram novas eleições.
No ano passado, durante uma trégua negociada com o Hamas, 105 reféns foram soltos, trocados por palestinos em prisões israelenses. Restam 130 reféns, dos quais cerca de 100 ainda estariam vivos, estimam as autoridades.
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Os ultra-ortodoxos que apoiam o governo de Netanyahu ameaçam abandonar a coalizão — e assim forçar a convocação de novas eleições — porque não querem o fim da isenção. Já os seculares e nacionalistas, a maioria na oposição, acham ultrajantes as cotas criadas pela nova lei, que ainda permitirão que grande parte dos religiosos continue livre do recrutamento. Isso, em meio a uma guerra que já matou 600 soldados, segundo as autoridades israelenses.
Pesquisas de opinião mostram que, se houvesse eleições, o grupo de Netanyahu seria derrotado e iria para a oposição.
Quando o Hamas lançou os ataques terroristas, há quase seis meses, Netanyahu enfrentava protestos que reuniam centenas de milhares de pessoas, contra a proposta do governo que retira a autonomia da Suprema Corte. Ele e alguns de seus ministros sofrem processos na Justiça.
A guerra adiou essa discussão. Agora, mais uma vez sob pressão, Netanyahu parece recorrer à escalada e ao prolongamento da guerra como forma de se manter no poder.
A pressão não é só interna. O presidente Joe Biden se distanciou do primeiro-ministro israelense. Além das críticas públicas de Biden aos bombardeios indiscriminados na Faixa de Gaza, os secretários de Estado e de Defesa dos EUA receberam em Washington o general Benny Gantz, membro do gabinete de guerra e líder oposicionista, desautorizado por Netanyahu de representar o governo.
O distanciamento culminou na abstenção americana na votação da resolução do Conselho de Segurança que exigiu um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.
Ao provocar uma eventual escalada e ampliação do conflito, Netanyahu elevaria o custo político, para o governo americano, da retirada do apoio incondicional a Israel.