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Trump quer iPhone feito nos EUA, mas aparelho custaria 3 vezes mais, diz analista
Custos trabalhistas e dificuldades de transferir a complexa cadeia de produção do aparelho da China para os Estados Unidos encareceriam a operação, segundo especialistas

Transferir a produção de iPhones da China para os Estados Unidos é improvável no curto prazo e faria o aparelho custar três vezes mais, apontam analistas.
O alerta surge em meio à guerra comercial entre EUA e China. Nesta quinta-feira (10), Trump impôs uma tarifa de 145% sobre os produtos importados da China, principal centro de fabricação do iPhone.
Em resposta, os chineses aumentaram as tarifas sobre produtos dos EUA para 125%.
O principal objetivo de Trump é estimular a indústria nacional dos EUA, uma de suas promessas de governo. Nesse contexto, o presidente espera que os iPhones sejam fabricados no país.
Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, citou o plano da Apple de investir US$ 500 bilhões nos EUA até 2028 como sinal de que isso pode acontecer.
Especialistas mostram, no entanto, que essa transição não é tão simples assim, citando custos trabalhistas e as dificuldades de transferir sua complexa cadeia de produção para o país.
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iPhone fabricado nos EUA seria até 3x mais caro
Para o analista da empresa de investimentos Wedbush Securities Dan Ives, um iPhone produzido nos EUA custaria mais que o triplo em relação ao fabricado na China.
Um iPhone fabricado no país asiático vendido por US$ 1.000 custaria mais de US$ 3.000 se fosse montado nos EUA, disse o analista à Associated Press. Os valores correspondem a cerca de R$ 6.000 e R$ 18.000, respectivamente, em 11 de abril.
"Os preços mudariam tão drasticamente que é difícil compreender", disse Ives. "Fabricar iPhones nos EUA é inviável", resumiu.
Já os especialistas do Bank of America dizem que fabricar o aparelho da Apple nos EUA aumentaria em o custo do aparelho em 90% , segundo relatório aos clientes informado pela Bloomberg na quarta-feira (9).
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Analistas falam que preço do iPhone poderia até triplicar se produto fosse produzido nos EUA, como Trump quer fazer. — Foto: Apple e Reuters
Por que o iPhone ficaria mais caro?
Para o Bank of America, só os custos com trabalhadores nos EUA aumentariam em 25% o gasto da produção do aparelho. Mas, segundo o banco, o problema vai além, já que os EUA teriam que continuar importando componentes usados para a fabricação do iPhone da China por um bom tempo.
Dan Ives, analista da Wedbush Securities, também afirmou que a transferência da cadeia produtiva do iPhone para os EUA levaria pelo menos três anos e custaria caro.
Vale destacar que a Apple começou a construir uma rede de fabricação na China na década de 1990 e migrá-la para os EUA não seria nada fácil.
Em um post no X, Ives disse que transferir 10% da cadeia de suprimentos asiática da Apple para os EUA levaria três anos e US$ 30 bilhões, em um processo com grandes interrupções.
"Dizer que podemos simplesmente fabricar isso nos EUA é subestimar incrivelmente a complexidade da cadeia de suprimentos da Ásia e a maneira como eletrônicos, chips, semicondutores, hardware, smartphones, etc, são feitos para os consumidores dos EUA nos últimos 30 anos", disse Ives em um relatório, segundo a CBS News.
Investimento da Apple nos EUA tem outro foco
O plano da Apple mencionado pela secretária de imprensa da Casa Branca foi anunciado pela empresa em fevereiro. Ele inclui o investimento de US$ 500 bilhões e a contratação de 20 mil pessoas nos EUA até 2028, mas não prevê a fabricação de iPhones no país.
Em vez disso, a Apple prometeu financiar um data center em Houston, no Texas, para desenvolvimento de inteligência artificial — uma tecnologia que a empresa está expandindo, acompanhando a tendência do setor.
Apesar disso, a ideia é um desejo da equipe do atual presidente. Além de Leavitt, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, também falou sobre a possibilidade de fabricação do aparelho no país.
"O exército de milhões e milhões de seres humanos rosqueando pequenos parafusos para fabricar iPhones, esse tipo de coisa, vai chegar aos EUA", disse Lutnick à CBS News, em 6 de abril.