Polícia

Editorial: Corruptos também envelhecem conselheiros

17/10/2019
Honestidade anda em falta nos dias atuais. É característica da pessoa ou instituição que repudia a malandragem, a esperteza de querer levar vantagem em tudo. Tal substantivo é tão raro que até o sujeito afeito à honestidade é chamado de burro. E é justamente nos momentos mais difíceis que o combate à corrupção precisa ser reforçado. O caminho inclui maior atuação cívica e o fortalecimento das instituições, como a imprensa.   Já dizia o venerável e histórico diplomata Ruy Barbosa: “Não se deixem enganar-se pelos cabelos brancos, por que os canalhas também envelhecem”. E envelhecem mesmo.   No caso de Mato Grosso citamos como exemplo, a invejável inclinação dos conselheiros afastados do Tribunal de Contas de Mato Grosso, Antônio Joaquim de Moraes Rodrigues Neto, Sérgio Ricardo, Valter Albano, Waldir Teis e José Carlos Noveli para feitos que apenas Jesus Cristo foi capaz de sacramentar, como o episódio do milagre dos peixes, e que é um assunto inexplicável para os dias atuais.   Os conselheiros afastados, mesmo com elementos inquestionáveis, não fazem referência à multiplicação dos seus patrimônios a partir de quando entraram na administração pública. A corte que eles integravam foram palco premente da consolidação da impunidade em nosso estado. E só lembrar o que foi o julgamento do MT-Integrado, das obras da Copa do Mundo de 2014, do VLT, etc.   E quais foram os resultados?   E de bom alvitre lembrar-se também das tratativas da Justiça Federal, do Ministério Publico Federal e da Polícia Federal e que deram um ‘basta’ na pilhagem do erário público no ‘seio’ do TCE mato-grossense.   É um erro o que pensam que a Operação Malebolge, deflagrada pela Polícia Federal e que teve o apoio popular é ilegal por que padece de um erro de origem. Como que a Operação da PF e as matérias divulgadas pela imprensa fossem um câncer negativo em seus desfavores. Isso é loucura.   Eles sim (conselheiros) não têm autoridade em matéria de liberdade de imprensa e não reconhecemos essa autoridade. E só olhar a longa e cordial convivência que eles tiveram com gestores corruptos.   Todos sabem que o Página 12 há muito tempo vem criticando os conselheiros em seus poderes imperiais e suas manipulações. Suas atuações não tiveram nenhuma relação ética e de princípios.   Pois com o temor de perder o negócio milionário que era julgar contas públicas, como as contas do ex-governador Silval Barbosa, eles se desdobraram e tentaram inviabilizar toda a forma de continuidade das obras. Por isso os conselheiros não têm mais condições morais de fazer julgamento na corte do TCE, mesmo que eles retornem aos seus respectivos cargos.   Ou ficaremos no paradoxo da história, como já dizia Ruy Barbosa: “O bom ladrão salvou-se, mas, não há salvação para o juiz covarde”.   Portanto, as respostas a tantos desmantelos, tantas suspeitas e dúvidas sobre a honestidade dos conselheiros, não devem ser substituídas por atos de desequilíbrio ou descompostura. A sociedade que lhe paga pelos seus salários, digam-se de passagem – infrutíferos – exigem satisfações e a devida prestação de contas, principalmente no aumento injustificáveis de seus respectivos patrimônios.   O Página 12 reserva-se constitucionalmente ao direito de cobrar, porque a resposta a tudo isso, mesmo que os conselheiros insistem em escamotear, em driblar, em esconder, ou usar o látego como rebate, é uma obrigação deles, nem tanto como cidadãos, mas como homens públicos. E é deles que esperamos respostas para muitas perguntas, sem esclarecimentos plausíveis.   Na realidade eles parecem se nutrirem do desdém, do deboche ou da indiferença.   No caso especifico do senhor Antônio Joaquim, combatemos o bom combate. Reagimos contra ele em defesa do estado de Mato Grosso e que foi ouvido pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e pelo ministro do STF Luiz Fux. Isso ele não vai perdoar nunca.   Se o Página 12 tivesse algum temor, não estaria aqui lutando contra um gigante como Antônio Joaquim. Fizemos por que não somos nenhum covarde ou acomodado.   Quem sempre viveu de concessão e favores do poder público como é o caso dele, não é capaz de ver nos outros se não os vícios que carrega em si mesmo. Que o povo mato-grossense faça seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram espertalhões, gananciosos e interesseiros.   Já Antônio Joaquim ele tem que responder a sociedade de maneira clara, objetiva e concisa sobre as suspeitas de todas as suas falcatruas. A nós, não cabe julgar, mas, apontar, reportar ao povo os acontecimentos.   Fica aqui a sugestão então senhores conselheiros: expliquem-se ao povo sem desalinhos. Ou teremos que concordar com pensamento do jornalista Ruy Barbosa que disse: “De tanto ver trinfar as nulidades. De tanto ver prosperar a desonra. De tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantar os poderes nas mãos dos maus. Os homens chegam a desanimar da virtude. A rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.