Polícia

Lobista definha na cadeia, perde 30 kg e STF intervém com prisão domiciliar

Andreson perdeu mais de 30 quilos e apareceu visivelmente esquelético em exames apresentados à Justiça

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM POLÍCIA PENAL/COM PF-MT 20/07/2025
Lobista definha na cadeia, perde 30 kg e STF intervém com prisão domiciliar
Andreson é paciente bariátrico e precisa de alimentação rigorosa e acompanhamento especializado | Divulgação/Polícia Penal-MT/Arquivo Página 12

O empresário Andreson Gonçalves de Oliveira, acusado de integrar um esquema milionário de compra de decisões judiciais em Mato Grosso, deixou a prisão nesta semana após definhar atrás das grades. Preso desde novembro de 2023, Andreson perdeu mais de 30 quilos e apareceu visivelmente esquelético em exames apresentados à Justiça.

Diante do risco iminente à vida, o STF concedeu prisão domiciliar, colocando fim a sete meses de encarceramento.

Andreson é paciente bariátrico e precisa de alimentação rigorosa e acompanhamento especializado. Desde janeiro, sua defesa vinha alertando sobre a deterioração de seu estado de saúde, mas os pedidos foram ignorados até a situação se tornar insustentável. Relatórios apontaram que o empresário chegou a ingerir água contaminada com coliformes fecais, proveniente do presídio Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande.

A situação levou o juiz Geraldo Fidelis, da Vara de Execuções Penais, a autorizar a entrada de alimentos específicos como carne assada, chocolate meio amargo, barrinhas de cereais e isotônicos. A medida gerou forte repercussão pública e críticas ao magistrado. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Cristiano Zanin solicitou a abertura de investigação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra Fidelis, acusando-o de desrespeitar decisões da Corte.

A acusação contra Andreson ganhou força após seu nome surgir em mensagens extraídas do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro do ano passado. Segundo a Polícia Federal, Zampieri era o responsável por captar clientes e Andreson articulava sentenças favoráveis por meio de uma rede de contatos em Brasília.

O esquema envolveria, segundo a Polícia Federal, além de desembargadores afastados de Mato Grosso, assessores de ministros do STJ: Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Paulo de Tarso Sanseverino Moura Ribeiro. A rede criminosa negociava rascunhos de decisões judiciais antes da publicação oficial, mediante pagamentos vultosos.

As investigações seguem sob sigilo no STF, mas revelam um dos maiores escândalos judiciais da história recente do país — e Andreson, agora em prisão domiciliar, segue como peça-chave dessa engrenagem.