Polícia
Propina, carros fantasmas e rombo de R$ 7 milhões: servidores do DSEI são afastados pela PF
Contratos milionários com empresa do Rio de Janeiro miram transporte para indígenas em Mato Grosso; operação revelou fraudes, superfaturamento e entrega parcial dos veículos

Dois servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá (DSEI-Cuiabá) foram afastados na quarta-feira (23) por envolvimento direto em um esquema milionário de corrupção investigado pela Polícia Federal, durante a deflagração da Operação Portare. O escândalo envolve propina, fraudes em contratos, superfaturamento e até carros fantasmas.
Os alvos são Luís Roberto Dias, chefe do setor de logística e responsável por assinar as licitações, e Jorlando Batista Leitão, guarda de endemias e membro da comissão de licitação. Segundo a PF, ambos facilitaram contratos fraudulentos com a empresa Horizonte 16 Locadora de Veículos Ltda, com sede no Rio de Janeiro, totalizando R$ 12,5 milhões em apenas 18 meses — sendo R$ 4,36 milhões em 2023 (por dispensa de licitação) e R$ 8,16 milhões em 2024.
Em 2025, uma nova licitação de R$ 25 milhões foi aprovada e também está sob investigação por suspeitas de vazamento de informações sigilosas, superfaturamento e descumprimento contratual, incluindo a entrega de menos veículos do que o previsto — muitos de categoria inferior.
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CORRUPÇÃO Veja Fotos e Vídeos: PF desmantela esquema no DSEI-Cuiabá em rombo milionário que desviou milhões CORRUPÇÃO ÍNDIGENA Coordenadores do DSEI-Cuiabá, alvos de operação da PF, foram indicados pela bancada do PT na ALMTA fraude teria causado um prejuízo direto de R$ 7,7 milhões, só com a participação dos dois servidores. De acordo com a PF, os agentes públicos recebiam propina de empresários para manipular processos licitatórios, favorecer empresas específicas e encobrir irregularidades.
A operação cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em sete cidades: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Brasília, Campo Grande, Boa Vista e Rio de Janeiro. A Justiça também determinou o sequestro de bens e valores no total de R$ 20,35 milhões dos 10 investigados — nove deles moradores de Mato Grosso.
Relatórios do Ministério da Saúde classificaram os processos conduzidos por Luís e Jorlando como "tecnicamente fracos, juridicamente falhos e administrativamente irresponsáveis". A investigação identificou ainda acordos prévios com empresários, notas fiscais forjadas, contratos descumpridos e superfaturamento de até R$ 1,3 milhão.
O DSEI-Cuiabá atende aproximadamente 8 mil indígenas em mais de 60 aldeias de 11 municípios de Mato Grosso, e depende fortemente da frota de veículos para prestar serviços de saúde.
Os dois servidores foram ouvidos pela PF e liberados