Polícia
TJMT: empresário preso por corrupção é cunhado de conselheiro do CNJ de MT
O conselheiro do CNJ, Ulisses Rabaneda, não é investigado nem citado nas investigações conduzidas pela Polícia Civil

Augusto Frederico Ricci Volpato, irmão do advogado João Gustavo Ricci Volpato e cunhado do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Ulisses Rabaneda, foi preso nesta quarta-feira (30) durante a Operação Sepulcro Caiado, que apura um sofisticado esquema de fraudes milionárias no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Ele é apontado pela Polícia Civil como beneficiário direto de alvarás judiciais obtidos de forma fraudulenta, que desviaram mais de R$ 21 milhões dos cofres públicos.
Além dele, outros seis advogados, um servidor do TJMT e familiares próximos foram alvos da operação, que resultou no cumprimento de 11 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão, 16 ordens de bloqueio judicial, 46 quebras de sigilo fiscal e bancário, além do sequestro de 18 veículos e 48 imóveis. As ações ocorreram em Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP).
A quadrilha, segundo a investigação da Delegacia Especializada de Estelionato, ajuizava ações de cobrança e simulava quitações de dívidas por meio de comprovantes falsificados de depósitos judiciais. Com a colaboração de um servidor do TJ, os valores inexistentes eram inseridos nos sistemas internos da Justiça, permitindo a liberação de alvarás falsos que beneficiavam diretamente os investigados.
Conforme os autos, os envolvidos utilizavam informações falsas, representavam falsamente vítimas reais em ações de cobrança, inflavam os valores das dívidas, apresentavam documentos forjados e lavavam o dinheiro por meio de uma rede de empresas.
Um dos casos mais graves envolveu uma pessoa interditada judicialmente usada como parte em ação fraudulenta com movimentação de valores próximos a R$ 1,8 milhão, quando o débito verdadeiro não ultrapassava R$ 100 mil.
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Augusto Frederico Ricci Volpato – empresário e beneficiário direto dos alvarás;
João Gustavo Ricci Volpato – advogado, apontado como líder do esquema;
Luiza Rios Ricci Volpato – professora aposentada da UFMT e sócia em empresas envolvidas;
Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes – advogada;
Wagner Vasconcelos de Moraes – advogado;
Themis Lessa da Silva – advogada;
João Miguel da Costa Neto – advogado;
Rodrigo Moreira Marinho – advogado;
Mauro Ferreira Filho – servidor do TJMT;
Denise Alonso – advogada.
Nota do TJMT
Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso afirmou que está colaborando integralmente com as investigações e que instaurará procedimentos disciplinares contra os servidores suspeitos.
Nota da OAB/MT
Já em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), informou que irá instaurar apuração contra os advogados presos por meio do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para serem tomadas outras medidas administrativas cabíveis.
Nome da Operação
O nome “Sepulcro Caiado” faz referência à expressão bíblica usada para descrever aqueles que mantêm uma aparência de moralidade por fora, mas por dentro são marcados pela corrupção e hipocrisia. A expressão sintetiza o contraste entre a respeitabilidade da elite jurídica envolvida e a gravidade dos crimes praticados.
Nota de esclarecimento
O conselheiro do CNJ, Ulisses Rabaneda, não é investigado nem citado nas investigações conduzidas pela Polícia Civil. A menção ao seu nome ocorre apenas por laço familiar com um dos investigados, sem qualquer implicação funcional ou pessoal nos fatos apurados.