No jornalismo, na política, na justiça ou mesmo no meio policial ou em qualquer outro ramo, é comum se deparar com procedimentos de profissionais completamente divorciados da realidade, do bom-senso ou discrição. Criada há mais de 184 anos, a Polícia Militar de Mato Grosso é um desses lugares onde existe e já se passaram homens bons e maus.
Agora, alguns dos ex-coronéis que se aposentaram nas últimas décadas bateu todos os recordes e superaram as piores expectativas, envergonhando a Instituição de mais de cinco mil homens e mulheres em seu quadro.
Na última semana fomos surpreendidos com denúncia e tamanha aberração de que ex-coronéis agem para beneficiar eles mesmos, como é o caso do Hospital Militar de Cuiabá, relatado pela imprensa cuiabana.
É certo que, já se flagraram casos de má conduta individual nesses longos anos da instituição, protagonizados por exs-coronéis, mas, a atual safra está batendo todos os recordes e superando as piores expectativas. Não podemos divorciar a história ilibada de outros exs-coronéis que sempre foram éticos, agiram com sabedoria e probidade e permanecerão no panteão da história da Polícia Militar de Mato Grosso.
As recentes reportagens da imprensa cuiabana envolvendo exs-coronéis, deixou a população mato-grossense atônica em mais de um motivo. Primeiro é saber por que e com que intenção eles se envolveram nesse episódio; O outro é dar uma explicação convincente aos mais de cinco mil policiais militares tão ávidos por informação. Por outro bordo é preciso separar o joio do trigo. E preciso fazer a seguinte indagação: “Será que esses exs-oficiais da Polícia Militar são maus? Será que eles acordam pensando na forma mais criativa de afundar a imagem da instituição?”.
Segundo o filosofo Jean Paul Sartre nenhum ser humano é capaz de executar uma ação que considere errada. Quando batemos os olhos nessa afirmação pela primeira vez acreditamos que Sartre estava errado, porém, ele estava absolutamente correto. Então o ser humano seria essencialmente mau, então o mau seria natural, portanto, ausente de punição. E a ação bondosa seria uma luta contra a própria essência, portanto, meritória.
Alguns dos ex-coronéis foram mais além, com denuncias do MPF e da PF por questões nefastas à corrupção e participação em ‘esquemas’ fraudulentos de desvios públicos, e ainda na esfera penal, com ilícitos acachapantes e à deriva como a grampolândia pantaneira. Mas, existe ainda exs-coronéis que fazem de suas performances como aposentados um exemplo ao novos oficiais e a própria instituição. Mas, tomemos como exemplos além daqueles ex-policiais probos, o generalato da reserva das forças armadas brasileira. E comum ver denuncias envolvendo generais? Certamente que não.
Ou de Rhamice Ibrahim Ali Ahmad Abdallah. Alguns de vocês devem perguntar mais quem seria? É um ex-soldado da Polícia Militar de Mato Grosso, negro e que morava na periferia do bairro Cristo Rei de Várzea Grande. E vocês não devem se lembrar mas, ele lembra de vocês. Sabe qual o futuro que um favelado e negro teria na sociedade brasileira coronéis? Nenhum. Pois é, o senhor Rhamice é um defensor intransigente da instituição Polícia Militar. Ele debruçou-se no vernáculo e estudou com afinco. Virou juiz de direito e hoje dirige o Fórum da cidade de Rondonópolis.
Sabe o que isso tem a dizer coronéis? Que o novo soldado, cabo, sargento, tenente e capitão da gloriosa Polícia Militar estudaram. São formadores de opinião e são homens e mulheres livres e que defendem a Policia Militar e sentem ‘nojo’ de ‘esquemas’ espúrios e nadas republicanos.
Vocês são exs. E deveriam se comportam como tal. Ou existe ex-maridos e ex-esposas que ainda dão ordens nas suas ex-residências? Certamente que não. Mas, voltando a Sartre, só no resta afirmar que nenhum ser humano faz algo de ruim por ser mau, mas por ter uma falha de percepção da realidade ou de lógica em seus argumentos. E o objetivo da tropa não é achar culpados, pois, no final, todos os policiais militares são vítimas.
De qualquer modo, os PM´s estão cada vez mais intolerantes com desvios -, o que dá esperança de que esse estado de coisas pode ser superado, para o bem da instituição.