Além de nomes ligados ao PT, na lista estão empresários, como Marcelo Odebrecht, da empreiteira Odebrecht, e Joesley Batista, do grupo JBS. Estão ainda no relatório nomes de ex-diretores e funcionários do banco.
A mudança no relatório contrariou o grupo formado por deputados de partidos como PSL, DEM e PSDB. A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), que faz parte desse grupo, apresentou, então, um voto em separado retomando a sugestão de indiciamento de todos os citados no relatório original de Côrtes, inclusive Lula e Dilma.
Na votação, nesta terça, a maioria dos deputados decidiu por aprovar o parecer de Cortês. O objetivo foi evitar a possibilidade de aprovação da proposta de Paula Belmonte.
Entre os partidos que votaram pela aprovação do relatório de Côrtes estão o PT e o PDT.
Esse é a terceira CPI criada no Congresso com o objetivo de investigar operações do BNDES. Nas outras duas, os relatórios, aprovados, não sugeriam indiciamento de ninguém.
O relator comemorou o resultado da CPI. Para ele, a comissão alcançou “o resultado possível”.
“Pela primeira vez uma CPI do BNDES que tem resultado e isso vale muito. Poderemos ter uma recuperação em favor do Brasil, em favor do BNDES, talvez de bilhões de reais, e fazer justiça com aqueles que a Justiça ainda não alcançou”, disse Côrtes.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) disse que o partido conseguiu uma vitória parcial com o resultado da votação do relatório da CPI. “Não conseguiram fazer o espetáculo de incriminar Lula e Dilma, não tinha sustentabilidade nenhuma. Essa foi uma vitória nossa”, disse.
Sobre os petistas mantidos na lista de sugestões de indiciamento, ele afirmou que o partido foi induzido a votar no relatório de Côrtes devido à possibilidade de retirar os nomes durante a análise dos destaques, o que, segundo ele, não aconteceu devido a uma manobra regimental.
“Agora vamos provar a inocência deles”, disse. As críticas ao relatório aprovado não partiram somente do PT.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) criticou a retirada de nomes do parecer.
“O que aconteceu foi uma meia pizza. Deixamos de fora o líder da quadrilha, o ex-presidente Lula, e a ex-presidente Dilma Rousseff”, disse
“Foi um relatório parcial a ponto de o PT vibrar com o indiciamento do Guido Mantega e do Luciano Coutinho, mas conseguir livrar os chefes. É uma vergonha. Vamos dar uma resposta à sociedade, mas faltou os grandes chefes”, afirmou a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).
O presidente da CPI, Vanderlei Macris (PSDB-SP), destacou que, apesar de a sugestão de indiciamento de Lula e Dilma não ter sido aprovada, as informações analisadas pela comissão serão enviadas ao MP.
“[O pedido de indiciamento de Lula e Dilma] não foi possível, não foi aprovado. Mas nós levaremos ao Ministério Público o resultado de todo o trabalho que realizamos e o MP terá todas as provas possíveis para poder dar sequencia no trabalho que realizamos”, disse
Criada em março de 2019, a CPI investigou irregularidades em operações financeiras realizadas pelo banco público de 2003 a 2015, e que se destinaram a financiar obras no exterior e a viabilizar a internacionalização de empresas brasileiras.
O relatório final aponta indícios de que o banco foi “parte de um suposto esquema criminoso” e de que as ações, patrocinadas pelos governos petistas, foram usadas para “satisfação de interesses pessoais, politico-ideológicos e econômicos de agentes políticos, públicos e privados”.
De acordo com o documento, as operações beneficiaram grupos empresariais com forte poder econômico e que eram considerados “amigos” do governo, como a construtora Odebrecht e o grupo JBS. As operações, diz o relatório, tiveram como contrapartida o pagamento de propina.
A versão final do parecer aprovada pela comissão sugere o indiciamento de:
- Guido Mantega;
- Antônio Palocci Filho;
- Marcelo Bahia Odebrecht;
- Emílio Alves Odebrecht;
- Maurício Ferro;
- Carlos José Fadigas de Souza Filho;
- Luciano Galvão Coutinho. O ex-presidente do BNDES afirmou o seguinte: "É profundamente lamentável que essa CPI, movida por ânsia de exploração midiática, tenha pedido indiciamento de pessoas honradas, incluindo a mim, ex-diretores e funcionários do BNDES, sem fundamentos, provas ou indícios. Confio que a Justiça reconhecerá a lisura e integridade das pessoas injustamente citadas.")
- Álvaro Luiz Vereda de Oliveira;
- Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva;
- Luiz Fernando Furlan;
- Celso Amorim;
- Miguel Jorge;
- Paulo Bernardo Silva;
- Erenice Guerra;
- Guilherme Cassel;
- Fernando Damata Pimentel;
- Daniel Maia;
- Antônio de Aguiar Patriota;
- Miriam Belchior;
- Pepe Vargas;
- Lytha Battiston Spíndola;
- Fernando Vitor dos Santos Sawczuk;
- Armando Mariante Carvalho Junior;
- Eduardo Rath Fingerl;
- João Carlos Ferraz;
- Mauricio Borges Lemos;
- Wagner Bittencourt de Oliveira;
- Joesley Mendonça Batista. A assessoria do grupo J&F divulgou a seguinte nota: "A J&F e seus acionistas colaboram com a Justiça".
- Wesley Batista;
- Francisco de Assis e Silva;
- José Batista Sobrinho;
- José Batista Junior;
- Fábio Pegas
- Patrícia Moraes;
- Victor Garcia Sandri;
- Gonçalo Ivens Ferraz da Cunha e Sá;
- Leonardo Vilardo Mantega;
- Elvio Lima Gaspar;
- Fernando Marques dos Santos;
- Guilherme Narciso de Lacerda;
- Júlio Cesar Maciel Ramundo;
- Luiz Fernando Linck Dorneles;
- Roberto Zurli Machado;
- Silmar Bertin;
- Natalino Bertin;
- Reinaldo Bertin;
- Fernando Bertin;
- Omar Carneiro da Cunha;
- José Claudio do Rego aranha;
- Eleazer de Carvalho Filho;
- José Pio Borges;
- Emilio Humberto Carazzai Sobrinho.
O parecer inicial do relator sugeria ainda o indiciamento de:
- Luis Inácio Lula da Silva;
- Dilma Vana Roussef;
- Décio Fabricio Oddone da Costa;
- Roberto Rodrigues;
- Mendes Ribeiro Filho;
- Maria da Gloria Rodrigues Camara;
- Luciene Ferreira Monteiro Machado;
- Antonio Luiz Feijó Nicolau;
- Gil Bernardo Borges Leal;
- Paulo de Sá Campello Faveret Filho;
- Ricardo Luiz de Souza Ramos;
- Wallin Vasconcellos.