Política

Bolsonaro diz que Argentina ‘escolheu mal’ e que não vai parabenizar Fernández após eleição

28/10/2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (28) que lamenta a eleição de Alberto Fernández na Argentina e que não parabenizará o novo presidente do país. “Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas eu acho que a Argentina escolheu mal”, disse o brasileiro ao deixar os Emirados Árabes, onde estava desde sábado (26).  

Com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice na chapa, Alberto Fernández derrotou o atual mandatário, Mauricio Macri – resultado previsto ainda nas prévias eleitorais de agosto.

Com 97,4% das urnas apuradas, Fernández tinha 48,02% dos votos. Macri, 40,46%.

Ainda de acordo com Bolsonaro, Fernández e Kirchner venceram as eleições porque as reformas propostas por Macri não deram resultado. “Agora, o povo botou no poder quem colocou a Argentina no buraco lá atrás", disse o presidente brasileiro.

Relações com o Brasil

Ao chegar ao Catar, o presidente brasileiro foi questionado novamente sobre as relações com futuro presidente argentino. Ele disse que está preocupado, mas vai conversar com o governo de Fernández.

"Pretendo dialogar sim, não vamos fechar as portas. Agora, estamos preocupados e receosos, tendo em vista até o gesto que ele fez de Lula Livre. Temos a informação de que muita gente do PT estaria lá na Argentina para comemorar com o ele o que seria a vitória dele."

Para Bolsonaro, a menção ao Lula Livre, pela liberação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é "um afronto à democracia brasileira, ao sistema judiciário brasileiro". Bolsonaro disse que Lula já foi condenado em duas instâncias e tem "outras condenações a caminho".

"Ele [Fernández] está afrontando o Brasil de graça, no meu entender. Estamos aguardando seus passos para, talvez, no futuro tomarmos alguma decisão em defesa do Brasil."

Mercosul

Mais cedo, ainda na saída dos Emirados Árabes, Bolsonaro disse que pretende manter relações bilaterais com a Argentina, mas que os vizinhos podem ser “afastados” do Mercosul se o novo presidente interferir no acordo do bloco com a União Europeia.

Anunciado em julho, após 20 anos de negociação, o acordo foi celebrado pelo governo Bolsonaro como uma maneira de impulsionar a economia do Brasil.

Alguns países, como a França, já sinalizaram que não concordam com os termos da parceria. Fernández defendeu a revisão durante uma visita a Curitiba em agosto, quando esteve com o ex-presidente Lula, preso após condenação na Operação Lava Jato.