Política

Braga Netto nega ter entregado dinheiro a Cid para manter acampamentos

Em interrogatório, ex-ministro afirmou ter pensado que o dinheiro seria usado para campanha e encaminhou o pedido ao PL; segundo ele, a discussão morreu após a recusa do partido

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 10/06/2025
Braga Netto nega ter entregado dinheiro a Cid para manter acampamentos
O ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto negou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), ter entregado dinheiro ao tenente-coronel Mauro Cid | Reprodução/CNN

O ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto negou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), ter entregado dinheiro ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), para financiar manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército.

De acordo com Braga Netto, Cid teria o procurado pedindo dinheiro, mas sem citar qual seria a finalidade do recurso.

“Era muito comum outros políticos, por meio de Bolsonaro ou de Valdemar, pedirem apara pagar contas de campanha atrasadas. [...] Na minha cabeça, tinha a ver com campanha”, afirmou o ex-ministro.

Braga Netto disse que orientou o tenente-coronel a procurar o tesoureiro do PL e, mais tarde, soube da recusa do partido em entregar a verba. Segundo ele, o assunto morreu ali.

“Ele procurou o Azevedo, e o Azevedo veio até mim e disse que o PL não tinha amparo para dar aquele dinheiro. Eu disse a ele: ‘então morre o assunto’. E o assunto morreu. Eu não tinha contato com empresários. Eu não pedi dinheiro a ninguém e não dei dinheiro nenhum para o Cid”, declarou.

O Supremo conduziu na segunda-feira (9) e nesta terça-feira os interrogatórios dos réus do núcleo considerado crucial para o desenvolvimento de uma suposta trama golpista após as eleições de 2022.

Mauro Cid foi o primeiro a ser ouvido. Na segunda-feira, Cid afirmou que o Major Rafael de Oliveira, um “kid preto”, pediu R$ 100 mil a ele para manter os acampamentos.

O militar disse então ter procurado Braga Netto, que lhe indicou a pedir o dinheiro para o PL. Após a recusa do partido, Cid relatou que Braga Netto arrumou o dinheiro e entregou a ele em uma sacola de vinho. O tenente-coronel afirmou não saber precisar o valor, mas que parecia menos de R$ 100 mil pelo volume.

A passagem dos recursos não foi mencionada por Cid em seus dois primeiros depoimentos à Polícia Federal, lembrou Moraes. O tenente-coronel apenas compartilhou a informação depois da PF adverti-lo sobre o pedido de decretação de prisão e mais tarde, após ser advertido durante depoimento que, em caso de omissão, poderia ser preso novamente e ter o acordo de colaboração premiada suspenso.

Braga Netto foi o único réu a ser ouvido por videoconferência. Ele está preso preventivamente desde dezembro de 2024 por tentar obter informações da delação de Cid e atrapalhar as investigações.