Política
Lula brinca que vai levar jabuticaba para Trump como forma de negociar tarifaço
Vice-presidente Alckmin anunciou que decreto de resposta ao tarifaço deve sair até terça (15). Vídeo foi publicado pela primeira-dama, Janja da Silva

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou um vídeo neste domingo (13), onde brinca sobre levar jabuticaba para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como forma de resolver o impasse criado após o anúncio do tarifaço esta semana.
O vídeo foi publicado nas redes sociais da primeira-dama, Janja Lula da Silva.
O presidente ainda ironizou dizendo que "quem come jabuticaba de manhã [...] não precisa de briga tarifária".
"E você vai perceber, sabe, que o cara que come jabuticaba de manhã num país que só ele dá jabuticaba, não precisa de briga tarifaria. Precisa de muita união e muita relação diplomática, é isso", finalizou.
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Infográfico - Taxa de Trump sobre o Brasil — Foto: Arte/g1
Na manhã deste domingo, o vice-presidente Geraldo Alckmin, falou a jornalistas que o governo vai editar, até terça-feira (15), o decreto que regulamenta a lei da reciprocidade, que permite ao Brasil responder à tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros anunciada pelo os Estados Unidos.
Alckmin disse, entretanto, que o governo ainda trabalha para reverter a tarifa, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
"Entendemos que a taxação é inadequada e não se justifica", afirmou o vice-presidente durante inauguração de viaduto em Francisco Morato, na Grande São Paulo.
Bolsonaro insiste em anistia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, neste domingo (13), que a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 é o caminho para barrar o aumento das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
Nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a decisão de Trump "tem muito mais, ou quase tudo a ver com valores e liberdade, do que com economia", e que não "se alegra" em ver as sanções econômicas impostas pelo norte-americano.
"O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia", escreveu nas redes sociais.
Especialistas acreditam que Brasil deve continuar dialogando
Em um comunicado conjunto divulgado nesse sábado (12), os especialistas do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) defenderam que o Brasil insista no diálogo, com as duas partes buscando uma "solução construtiva", que preserve o multilateralismo e o direito internacional.
"Causa perplexidade o tom agressivo e desproporcional adotado na correspondência enviada pelo presidente Donald J. Trump ao governo brasileiro. As alegações apresentadas estão lastreadas em informações incorretas sobre o real estado das relações comerciais bilaterais. [...] Ainda mais grave é a tentativa de condicionar decisões comerciais a temas da política interna brasileira representando uma interferência indevida em assuntos internos de um Estado soberano", afirmou o Cebri.
"Apesar da gravidade do cenário, o Brasil deve manter-se aberto ao diálogo. O Cebri defende que qualquer controvérsia comercial [...] deve ser tratada por meio de canais diplomáticos apropriados e com base no respeito mútuo", acrescentaram os especialistas.
Tarifaço 50%: questionado, Trump diz que pode conversar com Lula, mas não agora
À Globonews, o economista e professor André Perfeito afirmou concordar com a avaliação do Cebri de que é preciso insistir no diálogo antes de uma eventual retaliação.
Para Perfeito, a saída diplomática "é o melhor caminho" e, se houver retaliação, que seja "cirúrgica", não de forma generalizada.
"Acredito que o Itamaraty esteja sendo mais cauteloso. Por parte do presidente Lula, não tinha como ele falar outra coisa, não tinha como não defender o país. Isso envolve soberania. Outra coisa, o que foi pedido na carta, o Lula não pode interferir no Poder Judiciário. O que ele poderia fazer? Não tem o que fazer em relação a isso. E acredito que o Itamaraty vai tentar construir uma alternativa negociada", afirmou.
Para o professor Amâncio Jorge, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil deve insistir nas negociações diplomáticas, ainda que analise algumas outras opções.
O professor acrescenta que "não faz sentido" Donald Trump envolver questões políticas para fazer ameaças tarifárias porque "no fundo" o próprio Trump sabe que a "indisposição" com o Brasil tem relação com o Brics.
"Ainda é precoce a retaliação, sobretudo [se for] nos mesmos termos tarifários, o Brasil taxando em 50%, poderia virar um caos inflacionário. Só pioraria a situação do Brasil, sem contar que, se o Brasil fizer isso, os Estados Unidos podem duplicar a retaliação e a taxação. Ainda é caso de tentar as vias diplomáticas para a negociação se preparando lateralmente para uma eventual, se for, retaliação em outros níveis", declarou.