A cena política cuiabana voltou a ganhar holofotes com as críticas da vice-prefeita Vânia Rosa (Novo) ao decreto do prefeito Abílio Brunini (PL), que concentrou em suas mãos a representação oficial do município. Embora a medida tenha provocado declarações públicas da vice, a realidade é que a disputa entre ambos já estava consumada desde a crise na Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) — e hoje escancara um cenário de vice fragilizada e prefeito fortalecido.

A ruptura política começou meses atrás, quando Vânia chefiava a Semob. Em uma vistoria, Abílio encontrou no espaço da secretaria uma maca de massagem e produtos de maquiagem. O episódio gerou repercussão negativa imediata e acabou culminando na exoneração da vice da pasta.

A situação expôs desgaste interno e mostrou que o prefeito não tolera desvios de finalidade ou uso inadequado de espaços públicos. A exoneração foi, na prática, o ponto de virada no relacionamento institucional entre os dois.

No sistema brasileiro, cabe ao prefeito eleito representar oficialmente o município, negociar com governos estadual e federal e conduzir a administração. A vice-prefeita, por sua vez, possui papel de substituição eventual e apoio, mas não de protagonismo autônomo.

Ao editar o decreto, Abílio não retirou direitos, mas reafirmou sua competência constitucional e legal. A medida visa garantir unidade institucional, evitar ruídos políticos e blindar Cuiabá de interesses particulares travestidos de articulação política.

Desde sua saída da Semob, Vânia vem adotando um discurso público de colaboração, mas, nos bastidores, sua postura tem sido interpretada como alinhamento com setores da oposição. Esse tipo de movimentação fragiliza a própria gestão da qual ainda faz parte e, mais grave, atrapalha a cidade.

Cada ruído criado artificialmente abre espaço para que adversários explorem desgastes e travem projetos importantes. Cuiabá não pode ser refém de vaidades políticas, sob pena de atrasar negociações e perder investimentos fundamentais.

Ao centralizar a representação e impor ordem na hierarquia administrativa, Abílio demonstra firmeza e maturidade política. Sua prioridade está clara: manter Cuiabá coesa, segura juridicamente e livre de disputas internas.

Enquanto a vice-prefeita insiste em buscar protagonismo e desgastar a gestão, o prefeito reafirma seu papel legítimo de comandante do Executivo municipal, preservando a governabilidade e o futuro da capital.