Política

R$ 147 milhões em estradas: TCU expõe superfaturamento e liga gestão de Fávaro à farra de convênios em MT

Sob comando do ministro Carlos Fávaro, Mato Grosso recebeu quase metade dos recursos nacionais para estradas rurais em 2023; auditoria revela superfaturamento e explosão de convênios usados como trampolim político para o Senado

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM TCU 19/09/2025
R$ 147 milhões em estradas: TCU expõe superfaturamento e liga gestão de Fávaro à farra de convênios em MT
Nos bastidores de Brasília, a enxurrada de convênios em Mato Grosso é vista como parte da estratégia eleitoral de Carlos Fávaro, que já articula sua candidatura ao Senado em 2026 | TV Cultura

O Tribunal de Contas da União (TCU) detonou uma bomba sobre a gestão do ministro Carlos Fávaro (PSD-MT) no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Auditoria revelou indícios de superfaturamento, falhas de fiscalização e uma concentração inédita de verbas em Mato Grosso, justamente no ano em que Fávaro assumiu a pasta no governo Lula e intensificou articulações políticas para disputar uma cadeira no Senado.

Segundo o TCU, entre 2019 e 2023 o ministério repassou R$ 9,2 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões (38%) foram destinados a estradas rurais. Mas o dado mais explosivo está em 2023: Mato Grosso sozinho abocanhou R$ 147,3 milhões, ou seja, 47,4% de todos os recursos nacionais.

“É lamentável que esse vultoso montante de recursos seja gasto sem critérios claros e sem política estruturada”, disparou o ministro-relator Walton Alencar Rodrigues.

Em Canarana (838 km de Cuiabá), o TCU constatou que a medição de distância de transporte de materiais foi inflada, gerando pagamentos além do contratado. O rombo estimado chega a R$ 1,588 milhão.

A fraude, segundo a auditoria, decorreu de falhas no projeto básico de engenharia e da fiscalização deficiente da prefeitura. Em nota, a atual gestão municipal disse que a obra é de responsabilidade da administração anterior e que está tomando medidas jurídicas.

Entre 2019 e 2022, foram firmados apenas 10 convênios para estradas rurais em Mato Grosso. Mas em 2023, já sob o comando de Fávaro, esse número saltou para 183 convênios — uma disparada que levantou suspeitas de uso político das emendas parlamentares impositivas, obrigatórias por lei.

A concentração levantou dúvidas sobre critérios técnicos: estados como Minas Gerais e Tocantins receberam fatias menores, enquanto Mato Grosso concentrou quase metade do bolo.

Diante do escândalo, o tribunal deu 180 dias para que o Mapa: institucionalize uma política pública para estradas vicinais; apure irregularidades em convênios de Canarana, Alta Floresta, Querência e Gaúcha do Norte; melhore os controles de licitações e projetos de engenharia e monitore com rigor a execução dos convênios.

Nos bastidores de Brasília, a enxurrada de convênios em Mato Grosso é vista como parte da estratégia eleitoral de Carlos Fávaro, que já articula sua candidatura ao Senado em 2026.

Com quase R$ 150 milhões despejados em seu reduto político em apenas um ano, Fávaro tenta pavimentar sua imagem de ministro que traz recursos, mas agora carrega também a marca de um escândalo bilionário.