Política
A Assembleia na vida do povo: 190 anos de decisões que moldam Mato Grosso
De um casarão de taipa ao plenário digital, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso atravessa 190 anos ajudando a construir leis e a transformar a vida do povo
De um casarão de taipa no coração de Cuiabá ao plenário digital dos tempos modernos, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso completa 190 anos de histórias que se confundem com as do próprio Estado.

Instalada em 3 de julho de 1835, no casarão da Rua Pedro Celestino — então chamada Rua de Cima — esquina com a Rua Campo Grande, a Assembleia foi o primeiro espaço de debate público em terras distantes do poder central.

Ali, vinte homens discutiram agricultura, comércio, colônias indígenas e segurança. Era o nascimento da política mato-grossense.
A criação do Legislativo veio com o Ato Adicional de 1834, que deu autonomia às províncias. Desde então, a Casa de Leis atravessou impérios, repúblicas e ditaduras, mantendo viva a chama do diálogo.

Durante a Guerra do Paraguai (1864–1870), quando o território mato-grossense foi invadido, o Parlamento acompanhou decisões que buscavam proteger a população e reconstruir vilas destruídas — um dos períodos mais desafiadores da história provincial.
Em 1937, com o Estado Novo, o Legislativo teve suas portas fechadas. Só reabriu em 1947, na Avenida Getúlio Vargas, simbolizando a volta da voz popular.

O período militar também deixou cicatrizes. Seis deputados foram cassados — cinco do sul, que depois formaria Mato Grosso do Sul, e um de Mato Grosso: Augusto Mário, punido por discordar do regime. Décadas depois, o vice-presidente Renê Barbour reconheceria a injustiça das cassações. Foi um tempo duro, mas a Casa resistiu.

Nos anos 1970, o Legislativo ganhou sede própria na Rua Barão de Melgaço, no Campo D’Ourique — onde antes ocorriam touradas. Ali, em 1989, foi promulgada a nova Constituição Estadual, marco da redemocratização.



Em 2003, a Assembleia mudou-se para o Centro Político Administrativo, sua quarta e atual sede — símbolo de modernização e transparência, com transmissões ao vivo, portais digitais e maior aproximação com a sociedade.

Desde então, o Parlamento passou a discutir temas que moldam o cotidiano mato-grossense: estradas, escolas, agricultura familiar e meio ambiente.
No interior, pequenos produtores contam que programas criados por leis estaduais mudaram o rumo de suas lavouras. Em Cuiabá, professores lembram escolas erguidas com emendas parlamentares. A presença do Legislativo está nas ruas, nas salas de aula, nas plantações.

Com 190 anos, a Casa do Povo segue viva. Foi fechada duas vezes, mas nunca silenciada. Criada para representar poucos, sobreviveu para representar todos — e continua a moldar o destino de Mato Grosso.