Camelôs, donos de lojas do antigo Shopping Popular, localizado no bairro do Porto, em Cuiabá, estavam ficando cada vez mais raros. O motivo: médicos, advogados e empresários estavam comprando os pontos e os alugando pelo valor de R$ 4,5 mil.

Os valores das respectivas vendas variavam conforme a localização, segundo revelou dezenas de comerciantes ao Página 12.

A associação do Shopping Popular nasceu há exatos 29 anos, e por longo tempo, uma característica marcante da entidade era que as lojas fossem ocupadas, obrigatoriamente, por camelôs, para trabalhar com suas pequenas empresas de microempreendedor individual.

Não se tratava de excluir ninguém. Pelo contrário, as 600 lojas – anteriormente – instaladas no local, teria que ser essencialmente de quem precisava trabalhar no local, para vender seus produtos e serviços.

No entanto, esse tipo de lealdade explícita ao estatuto da associação acabou perdendo força. E em pouco tempo, pessoas de ‘fora’ viram a oportunidade de ganhar dinheiro, comprando as lojas e as colocando para alugar com preços exorbitantes.

E as prioridades dos trabalhadores daquele local mudaram.

Dezenas deles passaram a ser inquilinos de lojas e que deveriam ser deles, para trabalharem.

Na madrugada de segunda feira, 15, o Shopping Popular sucumbiu-se ao fogo e ficou destruído totalmente. Os prejuízos foram incalculáveis.

Não houve feridos. As chamas se alastraram pelo local e queimaram as lojas e as mercadorias.

Causando prejuízos para camelôs, para os médicos, advogados e empresários que recebiam pelas locações daquele local.