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Comemoração do bi olímpico do futebol tem cambalhota, injeção e tatuagem

Após cerimônia de entrega das medalhas, jogadores da seleção brasileira de futebol falaram da alegria e realização do sonho de vencer os Jogos de Tóquio

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 07/08/2021
A alegria já não vem acompanhada de um alívio tão pesado quanto a seleção brasileira de futebol experimentou em 2016. Por isso, com mais leveza, sem perder o jeito tradicional de celebrar, com danças e cantos, o time brasileiro medalhista de ouro nas Olimpíadas 2020 fez festa no lugar mais alto do pódio de Yokohama, neste sábado (7). O Brasil fez questão de peitar o Comitê Olímpico Internacional (COI), que permitia que apenas 18 atletas subissem ao pódio. A seleção afirmou que só aceitaria participar da cerimônia se os 22 jogadores fossem autorizados. Foi o que aconteceu. Uma vez no pódio, os campeões olímpicos colocaram as medalhas uns nos outros, repetindo o que algumas duplas e equipes medalhistas fizeram ao longo dos Jogos. Com a pandemia, o protocolo manda que cada atleta pegue a sua medalha e coloque no próprio pescoço. A seleção foi ao pódio com os agasalhos amarrados na cintura, por questão comercial. Isso porque a marca dos uniformes olímpicos – a chinesa Peak – difere da empresa que patrocina a seleção de futebol – a norte-americana Nike. Durante a cerimônia, Richarlison, sempre descontraído, provocou o presidente da FIFA, Gianni Infantino, que segurava a bandeja com as medalhas.  Já pensando na Copa do Mundo de 2022, o camisa 10 mandou: "Ano que vem é no Catar, hein, careca?" Richarlison, aliás, foi artilheiro do torneio, mas não brilhou na decisão. "Fiz uma excelente competição. Hoje não era dia da bola entrar. Faltou um pouco de sorte, mas faz parte do jogo. Valeu todo o sacrifício que a gente fez nos treinamentos e cada injeção tomada para conseguir jogar", afirmou. Richarlison garantiu que a medalha vai ficar em um cofre, e também na sua pele: vem tatuagem por aí. Já o lateral Guilherme Arana mordeu a medalha por um bom motivo: dar cambalhotas. "Lembrei do Vampeta em 2002. Estava falando com minha família, e ela me desafiou a repetir a comemoração do Vampeta. Mordi a medalha e cumpri o desafio".

Os homens dos gols

Malcom, saindo do gramado, cravou: "Eu insisti em mim". Seu ciclo, de fato, não foi o ideal, com menos minutos em campo do que imaginava e uma passagem frustrante pelo gigante Barcelona. Malcom comemora o método de André Jardine, comandante da seleção olímpica: "O time espanhol tem muita calma, e jogar sem a bola é muito difícil. É um time muito bom, mas a gente sabia de nossa capacidade. Hoje eu fui coroado, mas a gente sabia que qualquer um podia entrar ou sair de campo. A gente tinha um método". Já Matheus Cunha, que lutou contra uma lesão para jogar a final e marcar o seu gol, falou, no vestiário: "A gente às vezes acha que não vai conseguir, acha que não vai melhorar. Eu só penso em melhorar e em ajudar. Graças a Deus, deu certo. Não é sobre como começa, e sim sobre como termina".

O comandante e o capitão

"Os treinadores brasileiros apanham bastante, mas somos todos vitoriosos hoje", disse André Jardine, após o jogo, ao lembrar dos outros que, como ele, formaram os atletas que hoje ganharam as Olimpíadas. "Vi muitos destes crescerem. Meus parabéns para todos os treinadores que formaram essa garotada." Criticado ao longo da final por não fazer substituições, Jardine explicou: "A substituição em si, para mim, tem que fazer muito sentido. Senti o Cunha com energia ainda, por isso o mantive. Mas a gente começou a sofrer com a parte defensiva quando ele não conseguia mais fechar os espaços que precisava". Matheus Cunha saiu para a entrada de Malcom, justamente o autor do gol que valeu a medalha de ouro. Para o capitão Dani Alves, que gosta bastante de falar, as palavras faltaram. "Tem momentos na vida que são assim, faltam as palavras. Ser um atleta olímpico, representando a Bahia, o Nordeste e as pessoas que eu amo, é muito incrível." "Por mais histórias que a gente tenha no futebol, era virgem neste aspecto olímpico. Vir a primeira vez, conhecer as Olimpíadas e voltar com o prêmio maior é algo que as palavras não podem explicar."