Esportes

Os medalhistas do Brasil na Paralimpíada de Tóquio

No terceiro dia de competição, o Brasil soma seis ouros, quatro pratas e sete bronzes, ocupando a 6ª posição no quadro geral. Conheça os esportistas paralímpicos brasileiros que já subiram ao pódio nesta edição e acompanhe a evolução do país no quadro de

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM EL PAÍS 27/08/2021
Os medalhistas do Brasil na Paralimpíada de Tóquio
Foto: Governo Federal

O Brasil soma nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, que está no seu terceiro dia de competições, 17 medalhas: seis de ouro, quatro pratas e sete bronzes. O país já tinha a predominância na natação, com destaque para o multimedalhista Daniel Dias, mas disparou na soma de medalhas com a chegada do atletismo. Só o primeiro dia de competições do esporte já trouxe quatro ouros para o Brasil, entre eles os bicampeões Petrúcio Ferreira e Silvânia Costa. O Brasil também já subiu ao pódio no hipismo e na esgrima em cadeira de rodas.

A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é manter o Brasil entre os 10 países com mais medalhas pela quarta edição consecutiva das Paralimpíadas. Nesta sexta-feira, a delegação brasileira garantiu ao país a sexta colocação no quadro geral de medalhas, atualizado diariamente. Com seis ouros, o Brasil se aproxima cada vez mais do objetivo de chegar à 100ª medalha de ouro da história das competições ―até agora foram 93 ouros para atletas paralímpicos brasileiros desde a estreia do país nas Paralimpíadas, em 1972 (a competição foi criada em 1960).

Veja o quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos de Tóquio e a classificação por países.

Conheça os medalhistas brasileiros paralímpicos da Tóquio 2020

Natação

A natação (juntamente com o atletismo) é uma das modalidades em que os esportistas brasileiros despontam entre os favoritos em várias classes. Pela regra do Comitê Paralímpico Internacional, a natação paralímpica tem 14 categorias funcionais para abranger todas as PcDs (pessoas com deficiência). Atletas com deficiências motoras competem nas categorias S1 a S10; deficiências visuais estão contempladas nas categorias S11 a S13; e esportistas com deficiência intelectual ficam na S14. Conheça os nadadores brasileiros que garantiram medalha nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020.

Gabriel Bandeira celebra o ouro nos 100m borboleta classe S14.
Gabriel Bandeira celebra o ouro nos 100m borboleta classe S14.MOLLY DARLINGTON / REUTERS

Gabriel Bandeira, ouro nos 100m borboleta e prata nos 200m livre da classe S14. - Aos 21 anos, o paulista garantiu ao Brasil o primeiro ouro na Paralimpíada de Tóquio em sua estreia. O nadador foi o primeiro colocado nos 100m borboleta da classe S14 (categoria que estreou nesta edição) e ainda marcou um novo recorde, ao concluir a prova aos 54s76. O britânico Reece Dunn (55s12) ―atual recordista mundial― ficou com a prata, e o australiano Benjamin Hance (56s90) conquistou o bronze. “Minha vida na natação paralímpica só está começando. Isso é só o começo”, previu Bandeira em entrevista à SporTV após o ouro. E estava certo: dois dias depois, levou a prata nos 200m livre da mesma categoria, com 1min52s74. Desta vez, Dunn faturou o ouro 1min52s90. O russo Viacheslav Emeliantsev ficou com o bronze fazendo 1min55s58. O nadador brasileiro começou a competir profissionalmente somente no ano passado.

Wendell Belarmino levou o ouro nos 50m livre para deficientes visuais.
Wendell Belarmino levou o ouro nos 50m livre para deficientes visuais.MARKO DJURICA / REUTERS

Wendell Belarmino, medalha de ouro nos 50m livre da classe S11 - O brasiliense de 23 anos chegou aos Jogos de Tóquio dizendo que queria “se divertir e chegar ao pódio”, e acabou levando a segunda medalha de ouro da natação em sua primeira final paralímpica da vida. Wendell Belarmino marcou 26s03 nos 50m livre para deficientes visuais da classe S11, deixando para trás o chinês Dongdong Hua (26s18) e o lituano Edgaras Matakas (26s38).

Gabriel Araújo celebra a medalha de prata nos 100m costas da classe S2 da natação.
Gabriel Araújo celebra a medalha de prata nos 100m costas da classe S2 da natação.MOLLY DARLINGTON / REUTERS

Gabriel Araújo, medalha de prata nos 100m costas da classe S2 - Foi do atleta mineiro de 19 anos a primeira medalha para o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Araújo celebrou a prata com uma dancinha no pódio e prometeu repetir a coreografia nas outras vitórias que ainda espera celebrar no Japão. “Se tem pódio, se tem Gabriel, tem dancinha”, disse o atleta, que ainda compete em outras duas provas. Gabriel Araújo marcou 2min02s47 nos 100m costas da classe S2. O ouro ficou com o chileno Alberto Abarza (2min00s40) e o bronze com o russo Vladimir Danilenko (2min02s74).

Daniel Dias, medalha de bronze nos 200m livre da classe S5.
Daniel Dias, medalha de bronze nos 200m livre da classe S5.MOLLY DARLINGTON / REUTERS

Daniel Dias, medalha de bronze nos 200m e nos 100m livre da classe S5 - Com dois bronzes nas duas primeiras provas que disputou em Tóquio, o paulista chegou a 26 medalhas paralímpicas na carreira, aos 33 anos. É o nadador masculino mais premiado da história da competição. O 27º pódio de Daniel Dias veio no revezamento 4x50m livre, outro bronze, mas desta vez ao lado de Joana Silva, Patrícia dos Santos e Talisson Glock. Ele ainda compete em ao menos outras três provas na capital japonesa.

Phelipe Rodrigues celebra a 8ª medalha paralímpica de sua carreira, um bronze nos 50m categoria S10.
Phelipe Rodrigues celebra a 8ª medalha paralímpica de sua carreira, um bronze nos 50m categoria S10.ALE CABRAL/CPB

Phelipe Rodrigues, bronze nos 50m livre S10 masculino - O pernambucano natural de Recife garantiu a terceira melhor marca na prova (23s50) e, em Tóquio, conquistou a 8ª medalha paralímpica de sua carreira. O ouro ficou com o australiano Rowan Crothers (23s21), e a prata foi para o ucraniano Maksym Krypak(23s33). Aos 30 anos, o nadador brasileiro ainda deve disputar outras duas provas com chances de medalha.

Patrícia, Daniel, Joana e Talisson no pódio com a medalha de bronze.
Patrícia, Daniel, Joana e Talisson no pódio com a medalha de bronze.MARKO DJURICA / REUTERS

Daniel Dias, Joana Neves, Patrícia Pereira e Talisson Glock, bronze no revezamento 4x50m livre misto - A natação deu a primeira medalha coletiva ao Brasil no revezamento 4x50m livre misto. Nesta categoria, a soma dos números das categorias do atleta tem que ser igual ou menor que 20. Por isso, a equipe competiu com Patrícia (S4), Daniel (S5), Joana (S5) e Talisson (S6), nesta ordem. Os brasileiros fecharam em terceiro com uma ótima recuperação no final, terminando sete centésimos a frente da Ucrânia. O ouro ficou com a China, que quebrou o recorde mundial, e a prata com a Itália.

Russell, Pikalova e Maria Carolina Santiago no pódio.
Russell, Pikalova e Maria Carolina Santiago no pódio.MARKO DJURICA / REUTERS

Maria Carolina Santiago, bronze nos 100m costas S12 - A primeira medalha individual da natação feminina em Tóquio veio pelas braçadas da pernambucana Maria Carolina Santiago, de 36 anos. Ela marcou 1min09s18 nos 100m costas da classe S12, para deficientes visuais. Ficou atrás da britânica Hannah Russell (1min08s44) e da russa Daria Pikalova (1min08s76). Santiago competia na natação convencional até 2018, quando teve a visão reduzida por uma alteração congênita.

Esgrima em cadeira de rodas

A esgrima só é disputada em cadeira de rodas na Paralimpíada. Os atletas são divididos em três classes: A, B e C. O critério é a mobilidade do atleta, especialmente do tronco. Quem compete na classe A tem mais dificuldade, enquanto quem está na C tem a mobilidade menos comprometida.

Guissone comemora vitória na esgrima em Tóquio.
Guissone comemora vitória na esgrima em Tóquio.TAKUMA MATSUSHITA/CPB

Jovane Guissoni, medalha de prata na classe B - Gaúcho de Barros Cassal, Jovane Guissoni conquistou a medalha de prata na classe B da esgrima em cadeira de rodas no segundo dia de competição. Na campanha pela prata, foram oito lutas e apenas duas derrotas, uma delas para o vencedor Alexander Kuzyokov, do Comitê Paralímpico Russo. Guissoni é vice-líder do ranking mundial e foi campeão paralímpico em 2012. “Meu objetivo era trabalhar bastante para chegar aqui em Tóquio, fazer o meu melhor e garantir uma medalha para o Brasil. Feliz, jogando solto e colocando em prática tudo aquilo que treinei”, comemorou o brasileiro.

Hipismo

No hipismo, os atletas são divididos em cinco graus. O grau 1 é para quem tem comprometimento severo nos quatro membros; grau 2 para cadeirantes com boa funcionalidade dos braços, comprometimento unilateral severo ou cegos; grau 3 para comprometimento unilateral, moderado nos quatro membros, severo nos braços ou deficiência visual severa; grau 4 para comprometimento leve em um ou dois membros, ou deficiência visual moderada; e grau 5 para comprometimento leve em um ou dois membros ou deficiência visual leve.

Rodolpho Riskalla conquistou a primeira medalha da história do adestramento paralímpico brasileiro.
Rodolpho Riskalla conquistou a primeira medalha da história do adestramento paralímpico brasileiro.WANDER ROBERTO/CPB

Rodolpho Riskalla, medalha de prata no adestramento grau 3 - O paulista Rodolpho Riskalla trouxe uma medalha inédita para o adestramento paralímpico brasileiro. No segundo dia de Tóquio 2020, ele montou o cavalo Don Henrico e teve 74,659% de aproveitamento em sua apresentação. O ouro ficou com o conjunto holandês Voets/Demantur N.O.P (76,585%) e o bronze com a belga Clayes/San Dior (72.853%).

Atletismo

Recheado de provas, o atletismo é o carro-chefe do Brasil nas Paralimpíadas. É o esporte onde o país tradicionalmente mais conquistas medalhas, e em Tóquio não está sendo diferente. O esporte é dividido entre provas de pista (que usam nas classes funcionais a sigla com T, de track) e de campo (que usam a letra F, de field).

Na pista, as provas T11 a T13 são com deficientes visuais; T20 para deficientes intelectuais; T31 a T38 para paralisados cerebrais; T40 e T41 para baixa estatura; T42 a T44 para deficientes de membro inferior que não utilizam prótese; T45 a T47 para deficiências no membro superior; T51 a T54 para quem compete em cadeira de rodas; e T61 a T64 para amputados de membro inferior que utilizam prótese.

O campo segue uma lógica parecida: F11 a F13 para deficientes visuais; F20 para deficientes intelectuais; F31 a F38 para paralisados cerebrais; F40 e F41 para baixa estatura; F42 a F44 para deficientes de membro inferior; F45 e F46 para deficiências nos membros superiores; F51 a F57 competem em cadeira de rodas; e F61 a F64 para quem compete com prótese no lugar de membro inferior amputado.

Yeltsin Jacques, à direita, ao lado do atleta-guia Laurindo Nunes Neto.
Yeltsin Jacques, à direita, ao lado do atleta-guia Laurindo Nunes Neto.ALE CABRAL/CPB

Yeltsin Jacques, medalha de ouro nos 5.000m T11 - A primeira prova do atletismo paralímpico valendo medalha nessa Paralimpíada já teve brasileiro subindo ao lugar mais alto do pódio. Com uma ultrapassagem espetacular na última curva, o sul-matogrossense Yeltsin Jacques, de 30 anos, levou o ouro com o tempo de 15min13s62. Sua estratégia vencedora teve a utilização de dois atletas-guia durante a prova para deficientes visuais, Laurindo Nunes Neto e Carlos Antônio dos Santos. Os japoneses Kenya Karasawa, com 15min18s12, e Shinya Wada, com 15min21s03, ficaram com a prata e o bronze, respectivamente.

Silvânia comemora o ouro com seus guias.
Silvânia comemora o ouro com seus guias.KAZUHIRO NOGI / AFP

Silvânia Costa, medalha de ouro no salto em distância T11 - A segunda final do primeiro dia de atletismo também terminou com o hino nacional brasileiro. A mineira Silvânia Costa, de 34 anos, garantiu o bicampeonato paralímpico no salto em distância da classe T11, para deficientes visuais. E foi com emoção: Costa, que foi ouro na Rio 2016 enquanto estava grávida, queimou as duas primeiras tentativas e foi mal nas duas seguintes. Apenas no quinto e penúltimo salto, a brasileira cravou 5,00 metros no salto, que lhe deu o primeiro lugar. A uzbeque Asila Mirzayorova (4m91) ficou com a prata e a ucraniana Yuliia Pavlenko (4m86) levou o bronze.

Petrúcio posa ao lado do novo recorde paralímpico.
Petrúcio posa ao lado do novo recorde paralímpico.WANDER ROBERTO/CPB

Petrúcio Ferreira, medalha de ouro nos 100m rasos T47 - O raio vindo de São José do Brejo do Cruz, da Paraíba, caiu em Tóquio. Petrúcio Ferreira foi bicampeão paralímpico nos 100m rasos da classe T47, para amputados do membro superior, aos 24 anos. O homem que detém o título de mais veloz do atletismo paralímpico venceu sua prova com um novo recorde da competição, com 10s53. Michel Derus, da Polônia, fez 10s61 e levou a prata. O brasileiro Washington Júnior fechou o pódio com 10s68.

Wallace arremessou para a medalha de ouro e o recorde mundial.
Wallace arremessou para a medalha de ouro e o recorde mundial.WANDER ROBERTO/CPB

Wallace Santos, medalha de ouro no arremesso de peso F55 - O quarto ouro no primeiro dia do atletismo veio pelas mãos do carioca Wallace Santos, de 37 anos, e com direito a recorde mundial. O brasileiro arremessou para 12m63 em sua última tentativa e alcançou a melhor marca da história da modalidade. Aí foi só esperar a vez dos adversários, que não chegaram perto. Ruzhdi Ruzhdi da Bulgária levou a prata com 12m19 e o polonês Lech Stoltman (12m15) completou o pódio.

Washington foi bronze na mesma prova que Petrúcio venceu.
Washington foi bronze na mesma prova que Petrúcio venceu.ALE CABRAL/CPB

Washington Júnior, bronze nos 100m rasos T47 - A primeira dobradinha brasileira na Paralimpíada aconteceu não só graças a Petrúcio, mas também a Washington Júnior, que fechou a prova vencida pelo colega em terceiro lugar com o tempo de 10s68. O carioca de 24 anos, que foi vice-campeão mundial em 2019, estreou em finais paralímpicas com a melhor largada entre os competidores, e acabou ultrapassado apenas pelo bicampeão Petrúcio Ferreira (10s53) e pelo polonês Michel Derus (10s61).

João Victor foi bronze no arremesso de peso.
João Victor foi bronze no arremesso de peso.ALE CABRAL/CPB

João Victor Teixeira, bronze no arremesso de peso F37 - Carioca de 27 anos, João Victor Teixeira arremessou para 14m45 e levou o bronze na categoria para atletas com paralisia cerebral. Ouro para o russo Albert Khinchagov, com 15m78 e prata para o tunisiano Ahmed Ben Moslah, com 14m50.