Uma cena digna de filme de terror aconteceu na madrugada de sábado,10, em um apartamento de alto padrão no bairro Araés, em Cuiabá. O procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Benedito César Corrêa de Carvalho, de 54 anos, foi preso em flagrante após ser acusado de manter uma adolescente de apenas 16 anos em cárcere privado, sob ameaça de morte, enquanto consumia drogas.

A jovem, que havia sido contratada para um programa sexual, viveu momentos de pânico absoluto. Trancada no banheiro, ela gritava desesperadamente por socorro enquanto o servidor público, completamente descontrolado, a ameaçava com uma faca após supostamente fazer uso de cocaína.

A tragédia só foi evitada graças à ação rápida da Polícia Militar, chamada por vizinhos que ouviram os gritos da garota vindos do apartamento. Quando os policiais chegaram, Benedito se recusou a abrir a porta e permaneceu em silêncio, tentando enganar os agentes.

Foi só depois de novos gritos ensurdecedores que a polícia arrombou a porta. Dentro do quarto trancado, encontraram o procurador com um prato com resquícios de cocaína. Trancada no banheiro, chorando e em estado de choque, estava a adolescente — uma menor de idade em total vulnerabilidade.

Apesar de a arma mencionada por ela não ter sido encontrada, os policiais apreenderam uma faca com cabo de madeira, escondida no guarda-roupa, que teria sido usada nas ameaças.

O mais chocante é que essa não é a primeira vez que o servidor público protagoniza episódios de violência contra mulheres. Pelo contrário: já é a quarta prisão de Benedito por crimes semelhantes.

Em 2011, ele foi denunciado por ameaçar duas mulheres com uma arma de fogo em um motel. Em 2017, outra mulher gritou por socorro após ser ameaçada com uma faca. Já em 2023, Benedito manteve uma jovem de 19 anos presa em um apartamento, situação que também terminou com sua prisão.

Apesar de tudo isso, o procurador continuava no cargo até hoje, recebendo salário dos cofres públicos e representando um dos Poderes do Estado.

Após mais esse escândalo, a Assembleia Legislativa divulgou nota em tom de repúdio, afirmando que Benedito já estava afastado por meio de processo administrativo, que estaria “em fase final”.

“Os fatos são gravíssimos. A ALMT manifesta total repúdio e garante que providências legais estão sendo tomadas”, diz o texto.

O que choca a opinião pública, no entanto, é a demora da ALMT em tomar uma atitude mais enérgica. Mesmo com sucessivos episódios violentos, Benedito permaneceu com vínculo funcional — um retrato cruel da impunidade que muitas vezes impera no serviço público.

Enquanto isso, a vítima, uma adolescente, terá que lidar com os traumas deixados por essa madrugada de terror.