O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Bolsonaro deu a declaração ao participar, em Brasília, da cerimônia de encerramento do Fórum Empresarial do bloco.
"Os empresários que estão aqui hoje presentes alimentam uma esperança muito grande no novo governo. Queremos, sim, ampliar e facilitar cada vez mais o ambiente de negócios. As oportunidades são muitas, o Brasil nunca esteve num patamar como o nosso momento", afirmou.
Segundo Bolsonaro, o comércio do Brasil com os países do Brics somou US$ 110 bilhões em 2018 e, diante disso, o governo tem feito "o dever de casa" para tornar o Brasil mais atraente para negócios, propondo, por exemplo, algumas reformas.
"O Brasil ainda tem um caminho a percorrer, novas reformas se apresentam para nós, para que nós possamos ter a certeza de que o ambiente de negócios do Brasil cada vez se torne mais atrativo. O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm um amplo mercado, das mais variadas oportunidades, para oferecer a todos", disse.
Bolsonaro defendeu ainda a adoção de "medidas de aproximação" que demonstrem que o Brasil quer cada vez mais fazer negócios com o Brics.
O presidente disse ainda que os chefes de Estado são "muitas vezes" o "cartão de visita" um para o outro, o que demonstra estarem de "braços abertos" para um ambiente de negócios "mais profundo e diversificado" no Brics.
Depois do encontro empresarial, à noite, os líderes do Brics foram a um jantar no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.
Críticas ao protecionismo
Durante o encontro empresarial em Brasília, o presidente da China, Xi Jinping, afirmou que o momento é de "grandes transformações" em todo o mundo, o que, para ele, gera "inúmeras oportunidades, mas também desafios".
Xi Jinping disse ainda que o "crescente protecionismo" e "ameaças no mundo", sociais e econômicas, podem comprometer o comércio internacional e o investimento, levando a uma "desaceleração" na economia mundial.
"Temos que enfrentar as dificuldades que estão a comprometer nosso desenvolvimento econômico, propor novos caminhos para nossa indústria", afirmou.
"A decisão da China de abrir ainda mais o seu mercado continua, portanto, temos a mesma perspectiva de aumentar o nosso crescimento no futuro. Queremos abrir nossa economia, aumentar nossas importações e exportações e criar ambiente favorável no nosso país", acrescentou.
Também presente ao fórum, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que a economia global "continua complexa" e deve cair em 2019 ao menor nível de crescimento nos últimos dez anos.
Diante disso, ressaltou, os países do Brics devem contribuir para melhorar esse cenário.
"Temos visto crescimento de atitudes protecionistas, de problemas alfandegários, e os países do Brics têm que se esforçar para não se deixar abater por essas coisas. Temos que manter o nível de vida de nossa populações e até aumentá-las", completou.
Setores 'prioritários' para o Brics
Terceiro a discursar nesta quarta-feira, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pediu aos países que identifiquem setores empresariais considerados "prioritários" para o grupo nos próximos 10 anos. Para ele, é possível incentivar, por exemplo, a circulação de pessoas entre os países do Brics, seja para turismo, negócios ou trabalho.
"A estabilidade política, previsibilidade e reformas propícias ao empresariado tornaram a Índia a economia mais próspera e aberta dos dias de hoje. [...] Há possibilidades ilimitadas na Índia. Convido as empresas dos países Brics que tirem proveito dessas oportunidades de negócios, para que criem e ampliem suas possibilidades na Índia", acrescentou.
Primeiro a discursar no evento empresarial, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que cada oportunidade de fazer negócios, investir e colaborar é também uma oportunidade de os países do Brics compartilharem conhecimento e desenvolver a parceria internacional.
"O benefício dessas parcerias é claro e visível em todos os nossos países. Na África do Sul, somos o pais que acolhe os fabricante de ônibus do Brasil, de trens da Rússia, entre outros segmentos de negócio. Também, empresas automotivas da Índia, e fabricante e produtores de maquinário e telecomunicações da China", afirmou.
Ramaphosa disse também que o continente africano tem aberto "enormes oportunidades de crescimento".