Política
Wagner Ramos, Juliano Boraczynski e Francisco Lima são alvos de operação por desviar recursos de poços artesianos enquanto comunidades rurais continuam sem água
A Operação Poço Sem Fundo, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Civil, expôs a atuação de um grupo instalado na Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat)

Três figuras conhecidas da administração pública de Mato Grosso — Wagner Ramos, Juliano Jorge Boraczynski e Francisco Holanildo Silva Lima — estão no centro de um escândalo que pode ter desviado ao menos R$ 22 milhões de contratos públicos destinados à perfuração de poços artesianos em comunidades rurais.
A Operação Poço Sem Fundo, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Civil, expôs a atuação de um grupo instalado na Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat), que fraudava contratos entre 2020 e 2023, prejudicando diretamente populações que dependiam desses serviços para ter acesso à água potável.
Os principais alvos
- Wagner Ramos – atual diretor-administrativo da Metamat, ex-deputado estadual, é apontado como um dos articuladores do esquema.
- Juliano Jorge Boraczynski – ex-presidente da Metamat, exonerado em 2024 e hoje comissionado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
- Francisco Holanildo Silva Lima – diretor-técnico da Metamat, com atuação direta na execução dos contratos sob suspeita.
Além dos três, são investigadas outras 21 pessoas, entre servidores e empresários, bem como seis empresas contratadas pelo Estado para a perfuração dos poços.
Comunidades abandonadas
Enquanto os recursos públicos eram desviados, moradores de comunidades rurais permaneciam sem acesso a água, dependendo de improvisos e ajuda de vizinhos para sobreviver. Poços pagos com verba pública foram encontrados secos, mal construídos ou em locais inapropriados, como granjas, garimpos e até terrenos privados.
“Eles prometeram água, mas o que chegou aqui foi só poeira. Temos crianças e idosos usando baldes para buscar água em córregos distantes”, desabafou uma moradora da zona rural de Tangará da Serra.
Justiça intervém
As ordens judiciais determinaram:
- Afastamento dos investigados de suas funções públicas;
- Bloqueio de bens e contas bancárias, incluindo imóveis e veículos;
- Suspensão de pagamentos e proibição de contratar com o poder público;
- Recolhimento de passaportes e proibição de contato entre os envolvidos.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), segue apurando o eventual direcionamento dos contratos, a existência de benefícios pessoais e o papel de cada agente público no esquema criminoso.