Cotidiano

Exclusivo: Prints mostram coordenadora de Odontologia da Fasipe intimando professores a panfletar até em dias de chuva

Os prints mostram que a coordenadora condicionava a distribuição de disciplinas à participação dos docentes nessas atividades

DA REPORTAGEM 11/08/2025
Exclusivo: Prints mostram coordenadora de Odontologia da Fasipe intimando professores a panfletar até em dias de chuva
Os prints mostram que a coordenadora condicionava a distribuição de disciplinas à participação dos docentes nessas atividades | Divulgação/Rede Social

Mensagens obtidas com exclusividade pela reportagem revelam que a coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade Fasipe, Thayná Ferreira, determinava, via WhatsApp, que professores participassem de ações de captação de alunos — inclusive em feiras livres e sob condições climáticas adversas.

Os prints mostram que a coordenadora condicionava a distribuição de disciplinas à participação dos docentes nessas atividades, o que pode caracterizar assédio moral organizacional e desvio de função.

Em um dos trechos, Thayná afirma:

"Professores que participam de mais ações, que estão juntos nas ações de captação, têm preferência no horário".

Em outra mensagem, ela reforça:

"Aqui não tem essa questão de professores com mais titulação, e sim professores que se envolvem nas ações".

As conversas revelam convocações diretas para panfletagens:

"Sexta-feira (31), 18h30, novamente ação de captação na feira das 4 pistas, no CPA. Vou precisar de pelo menos 3 profs aqui. Os que não participaram ainda, se disponibilizem".

Em outro momento, mesmo diante de mau tempo, Thayná orienta:

"Profs, vamos aguardar 10/15 minutinhos a pedido do diretor. Se tiver chovendo, cancelamos".

Além da panfletagem, os prints indicam que professores eram instruídos a entrar em contato, por telefone ou aplicativo, com potenciais alunos, seguindo listas e roteiros de abordagem enviados pela coordenação.

Segundo a denúncia já protocolada no Ministério Público do Trabalho (MPT), as ordens eram obrigatórias e, quem se recusava, ficava sem “disciplinas valorizadas” no semestre. Representações também foram enviadas ao Ministério da Educação (MEC).

Especialistas em Direito do Trabalho ouvidos pela reportagem afirmam que a prática pode configurar desvio de função e conduta abusiva. O MPT já abriu procedimento para apurar o caso.

Veja conversa de WhatshAp

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Nota oficial da Fasipe

Em resposta ao Página 12, a Faculdade Fasipe negou qualquer prática de assédio ou exigência irregular. A instituição declarou que “preza pelo cumprimento da legislação trabalhista e pelo respeito à dignidade dos professores” e que ações externas de divulgação “são voluntárias e não condicionam a distribuição de disciplinas ou a permanência no quadro docente”. Ainda na nota assinada pelo diretor da instituição, Olmir Bambi Júnior – ele afirma –que os professores são convidados para as ações, pois a abertura de novas turmas, diz, aumenta a necessidade de aulas a serem ofertadas aos professores e -a remuneração dos docentes. A Fasipe disse ainda que prestará todos os esclarecimentos necessários ao MPT e que confia no arquivamento do caso após análise dos fatos.