Política

Governo tenta negociar LDO para recompor espaço fiscal após queda de MP

Haddad e Alcolumbre confirmaram reunião nesta quarta (15); economistas temem mudança em meta

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 15/10/2025
Governo tenta negociar LDO para recompor espaço fiscal após queda de MP
Análise do relatório final na CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso estava prevista para acontecer nesta terça (14), mas o governo pediu mais tempo para tentar minimizar impactos ao texto | SOPA Images/LightRocket via Gett

O governo tenta negociar mudanças na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, enquanto busca formas para recompor o espaço fiscal após a derrubada da MP (Medida Provisória) que aumentava a taxação de transações financeiras e que apresentava alternativas ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne nesta quarta-feira (15) com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com encontro previsto para 8h30.

A análise do relatório final na CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso estava prevista para acontecer nesta terça (14), mas o governo pediu mais tempo para tentar minimizar impactos ao texto.

A sessão foi remarcada, com previsão para ter início às 14h desta quarta. Entretanto, o relator da proposta confirmou ao CNN Money que a votação será adiada para a próxima semana devido a falta de acordo.

O principal ponto de debate entre Executivo e Legislativo é o cronograma para o pagamento obrigatório de parte das emendas parlamentares, incluindo as chamadas “emendas Pix” e da área de saúde e assistência social.

Pelo texto da LDO em tramitação, o governo federal será obrigado a pagar essas emendas até o fim do primeiro semestre do ano. Os prazos para análise e empenho também seriam reduzidos.

Uma suposta demora por parte do governo no pagamento de emendas tem sido uma das principais fontes de insatisfações de parlamentares – principalmente às vésperas de uma eleição, em que os deputados e senadores buscam entregar o máximo de obras e demais promessas viabilizadas com dinheiro de emendas aos seus redutos eleitorais.

Petistas já temiam que o estabelecimento de um cronograma engessasse o Orçamento e reduzisse margens de manobra para outras áreas num ano eleitoral. Agora, com a queda da MP (Medida Provisória) que renderia R$ 17 bilhões aos cofres públicos no ano que vem, há uma nova preocupação com as receitas.

O relator da LDO, deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB), afirmou à CNN Brasil que irá manter o cronograma obrigatório em seu parecer.

Outro ponto de debate é a derrubada, pela Câmara dos Deputados, da MP que aumentava a taxação de transações financeiras e que apresentava alternativas ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O Executivo argumenta que os recursos eram essenciais para fechar as contas de 2026, enquanto parlamentares da oposição afirmam que o caixa seria utilizado em programas sociais voltados a fortalecer a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ano eleitoral.

A LDO é a lei que fixa a meta fiscal a ser perseguida pela equipe econômica ao longo do ano, além de trazer uma série de diretrizes orçamentárias.

Para 2026, o governo sugeriu uma meta de superávit de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto), equivalente a R$ 34,3 bilhões.

No entanto, pelas regras do arcabouço fiscal, o governo pode registrar um resultado neutro, ou seja, um déficit zero. Economistas afirmam que, com a perda de arrecadação de R$ 17 bilhões devido à queda da MP, o governo pode ser obrigado a rever a meta.

Haddad, no entanto, já negou publicamente a possibilidade de qualquer alteração. Lideranças governistas na Câmara também têm descartado a possibilidade nos últimos dias.