Política

O que é a cúpula climática COP30 e por que ela é importante?

Ao longo dos anos, as cúpulas anuais se tornaram um importante centro de discussões geopolíticas e financeiras, projetando a ideia de uma “aldeia global” que acolhe todos os países

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 09/11/2025
O que é a cúpula climática COP30 e por que ela é importante?
Logo da COP30 é exibido em frente a um edifício central em Belém, Brasil | Wagner Meier/Getty Images

Todos os anos, a conferência climática da ONU gera centenas de manchetes sobre os esforços globais para salvar o mundo da catástrofe climática. A edição deste ano começa na segunda-feira (10), na cidade brasileira de Belém, que fica em meio à floresta tropical.

Mas o que exatamente acontece nessas cúpulas anuais? Aqui está o que você precisa saber:

O que é uma COP?

A conferência anual é conhecida como COP, sigla para Conferência das Partes que assinaram o tratado climático da ONU de 1992.

O tratado, chamado de Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), comprometeu os países a trabalharem juntos para combater as mudanças climáticas – um problema que eles reconheceram ser enfrentado por todos os países e que seria melhor resolvido em conjunto.

O acordo também estabeleceu o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, o que significa que os países ricos, responsáveis pela maior parte das emissões que causam o aquecimento global, têm uma responsabilidade maior na solução do problema.

A presidência rotativa, atualmente ocupada pelo Brasil, define a agenda da cúpula e trabalha ao longo do ano para reunir os governos em torno de ações e objetivos comuns. Em seguida, ela organiza a cúpula de duas semanas, chamando a atenção global para a questão e dando aos líderes nacionais a oportunidade de trocar ideias e se responsabilizar mutuamente.

Ao longo dos anos, as cúpulas anuais se tornaram um importante centro de discussões geopolíticas e financeiras, projetando a ideia de uma “aldeia global” que acolhe todos os países, grupos da sociedade civil, empresas e financiadores.

Por que vale a pena prestar atenção na COP deste ano?

Para muitos, a 30ª cúpula climática deste ano marca um momento de ciclo completo.

O Brasil sediou a Cúpula da Terra no Rio, onde o tratado da UNFCCC foi assinado há 33 anos. Este ano, o país insistiu que o evento voltaria às suas raízes, reconhecendo os grupos mais vulneráveis do mundo, incluindo os indígenas, com parte deles participando das negociações.

O anfitrião pediu aos países que trabalhem para cumprir as promessas anteriores, como os compromissos da COP28 de eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis, em vez de fazer novas promessas. A COP30 também é a primeira a reconhecer o fracasso em cumprir a meta anterior de evitar o aquecimento acima de 1,5 grau Celsius.

O Brasil optou por realizar a COP30 na cidade amazônica de Belém, na esperança de enfatizar simbolicamente a importância das florestas mundiais, que continuam sendo alvo de exploração madeireira e indústrias, incluindo mineração, agricultura e extração de combustíveis fósseis.

Quem são os principais participantes da cúpula?

A maioria dos governos nacionais envia equipes para as negociações. Frequentemente, os países se reúnem em grupos com interesses semelhantes.

Algumas das vozes mais proeminentes incluem a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, que enfrentam uma ameaça existencial devido ao aumento do nível do mar, e o bloco G77+China, formado por países em desenvolvimento.

Também são influentes o Grupo Africano e o Grupo BASIC, formado por Brasil, África do Sul, Índia e China.

Os EUA, que prometeram em janeiro abandonar o Tratado de Paris sobre as mudanças climáticas, afastaram-se de seu papel de liderança anterior. China, Brasil e outros países entraram em cena para preencher o vazio.

Duas semanas podem parecer muito tempo – o que acontece na cúpula?

O extenso campus da COP costuma ser um centro de atividades, com ativistas tentando chamar a atenção para suas causas, enquanto empresas pressionam por mudanças nas políticas e buscam acordos comerciais.

Este ano tem sido único, pois os eventos paralelos habituais foram descartados e os financiadores se reuniram em São Paulo, enquanto os líderes locais se reuniram no Rio de Janeiro. Esses eventos, juntamente com uma reunião de líderes mundiais em Belém, foram realizados antes da COP30, que será de 10 a 21 de novembro, na esperança de gerar apoio e impulso para a ação climática nas negociações propriamente ditas.

Durante a primeira semana da cúpula, os negociadores dos países definirão suas prioridades e avaliarão as posições uns dos outros. Os temas devem começar a surgir, enquanto os países e as empresas anunciam planos de ação e compromissos de financiamento para projetos.

Os negociadores são normalmente acompanhados por ministros nacionais durante a segunda semana, para discutir as decisões finais, incluindo detalhes legais e técnicos.

Parece fácil, não é?

As COP raramente decorrem sem problemas, com os países a disputarem acordos que defendem os seus interesses nacionais e a traçarem linhas vermelhas. As negociações podem, por vezes, ficar num impasse e levar a discussões acaloradas.

No final, os negociadores passam frequentemente noites inteiras em sessões frenéticas à procura de compromissos. Os países voltam então a reunir-se para aprovar as decisões – por consenso, não por unanimidade.

A sessão de encerramento, quando o martelo marca o fim da cúpula, quase sempre é adiada — às vezes por vários dias. Leve lanches.