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Médico e ex-vereador comandava rede de abuso sexual infantil em MT, revela Polícia Civil

Operação Verdades Secretas mira esquema criminoso liderado por Thiago Bitencourt, que usava mulheres com filhas para acessar e abusar de crianças

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 17/07/2025
Médico e ex-vereador comandava rede de abuso sexual infantil em MT, revela Polícia Civil
A Polícia Civil segue empenhada em garantir justiça às vítimas e desmantelar todos os envolvidos no esquema liderado por Thiago Bitencourt | Arquivo Página 12

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na quinta-feira (17) a Operação Verdades Secretas, escancarando uma rede criminosa de exploração sexual infantil comandada pelo médico e ex-vereador Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa, de 39 anos, preso desde maio deste ano por estupro de vulnerável e pornografia infantil.

As investigações apontam que Thiago, que atuava como clínico geral em Canarana e foi eleito vereador em 2024 pelo Partido Liberal (PL), mantinha relacionamentos simultâneos com ao menos sete mulheres — todas com acesso direto a crianças, especialmente meninas. O objetivo, segundo a polícia, era se infiltrar nesses núcleos familiares para abusar das vítimas.

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Durante a operação, foram cumpridos 16 mandados judiciais — entre buscas, apreensões e quebras de sigilo — nos municípios de Canarana, Água Boa, Querência, Gaúcha do Norte, Rondonópolis, Várzea Grande e Sorriso, em Mato Grosso, além de Recife, em Pernambuco.

Na casa do médico, a Polícia encontrou imagens gravíssimas envolvendo crianças, além de roupas infantis femininas e brinquedos sexuais que, segundo a investigação, eram usados em fantasias pedófilas. Parte do material teria sido produzido e compartilhado pelo próprio Thiago em grupos de WhatsApp, configurando os crimes de produção, armazenamento e divulgação de pornografia infantil.

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Segundo o delegado Flávio Leonardo, responsável pelo caso, o ex-parlamentar adotava um modus operandi manipulador, usando a posição social de médico e político para seduzir mulheres e ganhar a confiança de suas famílias. Há indícios de que algumas dessas mulheres possam ter colaborado, mesmo que inconscientemente, com os abusos.

Um dos elementos mais chocantes da investigação é o relato de que uma das mulheres teria realizado um aborto clandestino a mando de Thiago. A criança não era filha dele, mas o procedimento foi feito sob sua orientação direta, evidenciando o nível de controle psicológico e emocional exercido pelo investigado.

Thiago Bitencourt está preso preventivamente desde o dia 31 de maio, com base em quatro inquéritos distintos já concluídos.

Desde então, já foi indiciado por sete crimes, entre eles: estupro de vulnerável, estupro, violência psicológica produção de pornografia infantil, armazenamento e compartilhamento de imagens de abuso e posse de material pornográfico infantil.

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Formado em medicina em 2009 por uma faculdade privada de Cuiabá, Thiago não possui especialização registrada no CRM-MT, embora atuasse como clínico geral em uma Unidade de Saúde da Família (USF). Durante sua atuação política, defendia pautas conservadoras e era ligado a grupos de direita.

A Polícia Civil apreendeu celulares, notebooks e outros dispositivos eletrônicos que agora passam por perícia.

A expectativa é que o conteúdo traga à tona novas vítimas e possíveis cúmplices ainda não identificados. A operação revelou a existência de uma rede de manipulação, abuso e perversão, com ramificações em diversos municípios e até fora do Estado.

A Polícia Civil segue empenhada em garantir justiça às vítimas e desmantelar todos os envolvidos no esquema liderado por Thiago Bitencourt.

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