Política

A pressão de Bolsonaro e parlamentares para ajudar a Igreja Universal em Angola

A Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, pressionou o governo brasileiro e usou sua influência no Congresso nas últimas semanas em busca de apoio político para tentar solucionar os conflitos em Angola

17/07/2020

A Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, pressionou o governo brasileiro e usou sua influência no Congresso nas últimas semanas em busca de apoio político para tentar solucionar os conflitos em Angola envolvendo a direção brasileira da denominação e religiosos locais.

Em junho, bispos e pastores da Universal no país romperam com a cúpula da igreja, assumiram o controle dos templos e expulsaram os colegas brasileiros. O presidente Jair Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o embaixador do Brasil em Angola, Paulino Franco de Carvalho Neto, e representantes do Congresso têm assumido posições em defesa da Universal. A igreja afirma que pastores brasileiros foram agredidos e colocados para fora de suas casas, e 65 de seus missionários no país estariam sofrendo ameaças. Por outro lado, os angolanos acusaram a direção brasileira da IURD - em um manifesto assinado por 320 bispos e pastores - de supostos crimes como evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade e imposição da prática de vasectomia aos pastores. Os rebelados dizem totalizar 362 dos 464 pastores em atividade em Angola - enquanto a Universal afirma que seriam "ex-seguidores" - e afirmam ter o controle de 220 dos cerca de 300 templos da igreja no país. A IURD diz que 30 templos foram tomados. Em uma nota, a igreja definiu os opositores da direção brasileira como um grupo de religiosos "desvinculados da instituição por práticas e desvio de condutas morais e, em alguns casos, criminosas e contrárias aos princípios cristãos exigidos de um ministro de culto". Bolsonaro enviou uma carta, na segunda-feira (13/07), ao seu colega presidente de Angola, João Lourenço, manifestando preocupação com os acontecimentos no país e pedindo o aumento de proteção aos brasileiros. "Meu apelo a Vossa Excelência é para que, sem prejuízo dos trâmites judiciais, com seu tempo próprio, se aumente a proteção de membros da IURD, a fim de garantir sua integridade física e material e a restituição de propriedades e moradias, enquanto prosseguem as deliberações nas instâncias pertinentes", reivindicou Bolsonaro. O deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) postou a carta no Twitter, reforçando o pedido.