Política

Lula diz que está com 'certa tranquilidade' e que ainda não há guerra comercial com os EUA

Lula destacou que o Ministério das Relações Exteriores, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio setor empresarial brasileiro estão atuando para resolver o tarifaço de Donald Trump

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 21/07/2025
Lula diz que está com 'certa tranquilidade' e que ainda não há guerra comercial com os EUA
Lula evitou tratar diretamente do impasse com os EUA durante o encontro com líderes latino-americanos e europeus no Chile, afirmando que o foco era o fortalecimento da democracia | G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (21) afirmou que ainda não considera instalada uma guerra comercial com os Estados Unidos, apesar da decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula disse que está com "certa tranquilidade" sobre esse tema.

"Nós não estamos numa guerra tarifária. Guerra tarifária vai começar na hora que eu der resposta ao Trump, se ele não mudar de opinião", disse o presidente após participar no Chile de encontro sobre a democracia.

Diplomacia e empresários

Lula destacou que o Ministério das Relações Exteriores, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio setor empresarial brasileiro estão atuando para resolver a questão.

"Por que que eu estou com uma certa tranquilidade? Porque eu tenho o Ministério das Relações Exteriores trabalhando isso, tenho uma pessoa da qualidade do Alckmin, e os empresários brasileiros precisam conversar com suas contrapartes nos Estados Unidos. Quem vai sofrer com isso são os próprios empresários."

Defesa da soberania e das leis

O presidente reforçou que o Brasil não aceitará pressões externas que interfiram em decisões do Judiciário brasileiro, numa referência à carta de Trump, que cobra o fim do processo contra Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.

"Ninguém pode ameaçar um partido com uma decisão judicial. Quem sou eu pra tomar uma decisão diante da Suprema Corte? O cidadão que ele [Trump] defende está sendo julgado por um crime que está nos autos do processo", afirmou Lula.

"No Brasil, vamos fazer respeitar as leis para empresas brasileiras e para empresas americanas. Não tem essa de um poder ser punido e outro não."

Relações com os EUA

Lula também rebateu Trump sobre a questão comercial, dizendo que o Brasil acumula um déficit de US$ 410 bilhões em 15 anos na balança comercial com os EUA, e que o ex-presidente norte-americano desconhece os dados.

"Ele tem que levar isso em conta. Nossa relação é muito forte e diplomática. Tive ótima relação com Clinton, Obama, Biden. Se ele quiser, com Trump será a melhor possível. Mas dois chefes de Estado precisam conversar levando em conta os interesses de seus países."

Cúpula da democracia

Lula evitou tratar diretamente do impasse com os EUA durante o encontro com líderes latino-americanos e europeus no Chile, afirmando que o foco era o fortalecimento da democracia.

"Aqui é pra discutir democracia, não é pra discutir o Trump", disse.

O presidente também adiantou que haverá uma nova reunião sobre o tema durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, e outro encontro em Madri no ano que vem, com líderes progressistas.

"A democracia é garantir ao povo o direito ao trabalho, à moradia, à educação, à cultura, ao lazer e a viver dignamente. É isso que nós vamos conquistar para o Brasil."