Política
Governo Trump revoga visto do advogado-geral da União, Jorge Messias
Segundo a Reuters, também tiveram o visto retirado o ex-procurador-geral José Levi, o ex-juiz eleitoral Benedito Gonçalves e Airton Vieira, Marco Antonio Martin Vargas e Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que foram auxiliares de Alexandre

O governo dos Estados Unidos revogou nesta segunda-feira (22) o visto de entrada nos EUA do advogado-geral da União, Jorge Messias.
Segundo a agência de notícias Reuters, com base em fontes de Washington, o governo de Donald Trump também revogou o visto de outras cinco autoridades brasileiras, em uma nova investida de retaliações contra membros do governo e do Judiciário brasileiros (leia mais abaixo). São elas:
- José Levi, ex-AGU e ex-secretário-geral de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE);
- Benedito Gonçalves, ex-ministro do TSE;
- Airton Vieira, juiz auxiliar de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF)
- Marco Antonio Martin Vargas, ex-assessor eleitoral; e
- Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, juiz auxiliar de Moraes.
Jorge Messias confirmou a retirada do visto e chamou as recentes medidas retaliatórias dos EUA ao Brasil de "conjunto de ações unilaterais, totalmente incompatíveis com a pacífica e harmoniosa condução de relações diplomáticas e econômicas edificadas ao longo de 200 anos entre os dois países".
"Diante desta agressão injusta, reafirmo meu integral compromisso com a independência constitucional do nosso Sistema de Justiça e recebo sem receios a medida especificamente contra mim dirigida. Continuarei a desempenhar com vigor e consciência as minhas funções em nome e em favor do povo brasileiro", disse o advogado-geral da União.
As revogações ocorrem no mesmo dia em que o governo norte-americano também anunciou sanções contra a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, com a Lei Magnitsky, legislação dos EUA usada para punir estrangeiros.
➡️ Contexto: Desde meados deste ano, o governo de Donald Trump tem aplicado diversas sanções a autoridades brasileiras como medidas retaliatórias à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e a ações do STF contra empresas norte-americanas, como a rede social Rumble.
➡️ A Lei Magnitsky permite que os Estados Unidos imponham sanções a cidadãos estrangeiros. O objetivo é punir pessoas acusadas de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.
A Advocacia-Geral da União e o governo dos EUA ainda não haviam confirmado as sanções até a última atualização desta reportagem. Em junho, a AGU determinou que seu escritório nos EUA apurasse informações sobre uma ação judicial que o Trump Media, grupo de mídia de Donald Trump, e a Rumble abriram contra Moraes no início do ano.
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Chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, em entrevista. — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Além de Messias, os Estados Unidos já haviam suspendido em julho os vistos do ministro do STF Alexandre de Moraes e de outros sete ministros do STF.
Além Moraes, tiveram seus vistos suspensos:
- Luis Roberto Barroso, o presidente da Corte;
- Edson Fachin, vice-presidente;
- Dias Toffoli;
- Cristiano Zanin;
- Flavio Dino;
- Cármen Lúcia; e
- Gilmar Mendes.
Além dos ministros, também tiveram o visto dos EUA revogados:
- O procurador-geral da República, Paulo Gonet;
- O secretário do Ministério da Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e
- O ex-funcionário do governo brasileiro Alberto Kleiman.
Os ministros do STF André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora da lista.
Retaliações
No início deste ano, a rede social Rumble e a Trump Media acusaram Alexandre de Moraes de limitar o acesso à informação de indivíduos brasileiros em solo norte-americano. O ministro determinou o bloqueio da Rumble no Brasil.
Depois, em julho, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que estudava sanções contra Moraes, que, na sequência, teve o visto retirado e foi alvo da Lei Magnitsky.
No mesmo mês, Trump anunciou, em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aplicaria tarifas de 50% a produtos brasileiros em retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que até então era réu.