Política

Jayme fora do jogo e Wellington 'fritado': disputa ao Governo de MT em 2026 fica escancarada para Otaviano Pivetta

Vice-governador já é tratado como sucessor natural de Mauro Mendes e rivais se enfraquecem antes mesmo do início da campanha

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA 25/10/2025
Jayme fora do jogo e Wellington 'fritado': disputa ao Governo de MT em 2026 fica escancarada para Otaviano Pivetta
A corrida pelo Palácio Paiaguás em 2026 perdeu o ar de incerteza que costuma marcar disputas para o Governo de Mato Grosso | Arquivo Página 12

A corrida pelo Palácio Paiaguás em 2026 perdeu o ar de incerteza que costuma marcar disputas para o Governo de Mato Grosso. Nos bastidores da política estadual, o roteiro está praticamente escrito: Otaviano Pivetta (Republicanos), atual vice-governador, tornou-se o único nome competitivo na sucessão de Mauro Mendes.

Os dois adversários que poderiam tensionar o processo não decolaram: Jayme Campos (União Brasil) — já não é considerado viável e Wellington Fagundes (PL) — foi, segundo aliados e adversários, “fritado” pelo próprio partido.

Com o ambiente político redesenhado, a disputa parece caminhar para uma configuração de candidatura única de força real, com o nome de Pivetta ganhando tração em ritmo acelerado, inclusive com possibilidades reais de se filiar ao PL.

Senador e ex-governador de Mato Grosso, Jayme Campos acumulou influência ao longo de décadas. Mas sua tentativa de voltar ao topo da política estadual não encontrou base mobilizadora. “Jayme não reúne mais energia eleitoral para enfrentar uma majoritária”, admite, sob reserva, um dirigente partidário próximo ao governador.

Nem o União Brasil sinalizou apoio à ideia de seu nome disputar o governo.

Com Mendes como protagonista da articulação, o recado ficou evidente: não haverá rompimento interno para se criar um novo projeto — muito menos um que retorne ao passado.

Jayme permanece importante dentro do partido, mas não mais dentro do jogo da sucessão. Nos bastidores do União, a palavra é acomodação — e não sucessão.

Para os principais dirigentes da agremiação em Mato Grosso, Jayme não empolga prefeitos, empresários e muito menos Mauro Mendes.

Além de que, o ex-governador e atual senador busca manter influência, mas não tem projeto viável, pois falta renovação e sobra nostalgia. Para eles, Jayme não tem mais ambiente eleitoral para um retorno ao Paiaguás. E nos municípios, o recado é claro: eleição estadual exige futuro — não passado.

No campo bolsonarista, a situação de Wellington Fagundes se tornou delicada. O senador passou a sofrer desgaste nacional e estadual dentro do PL, partido que ganhou musculatura eleitoral após 2022.

Suas tentativas de endurecer o discurso contra Pivetta, com provocações indiretas em público, tiveram efeito contrário: ampliaram o desconforto interno. Hoje, o PL não enxerga Wellington como representante capaz de liderar o projeto estadual em 2026.

A avaliação predominante é que o senador foi deixado de lado, perdendo espaço justamente no momento em que precisava demonstrar força.

“Wellington virou uma peça sobrando no tabuleiro”, avalia um parlamentar da própria sigla.

Para boa parte dos dirigentes estaduais do PL mato-grossense, o senador vive situação constrangedora: não tem apoio explícito de Bolsonaro, não tem apoio do PL de Mato Grosso, não tem apoio de Mauro Mendes e ficou politicamente isolado

Enquanto adversários derretem, Pivetta cresce de forma consistente. Com perfil de gestor e ligação direta com os maiores grupos econômicos do estado, o vice-governador se consolidou como o nome natural da continuidade do atual governo.

Sua estratégia silenciosa tem surtido efeito: tem apoio majoritário do agronegócio, tem articulação forte com prefeitos, tem narrativa de eficiência em infraestrutura, tem baixa rejeição pública e tem proximidade com Mauro Mendes.

A provável filiação ao PL, vista por lideranças políticas como questão de tempo, deve transformá-lo no candidato oficial do grupo que controla o Palácio Paiaguás.

Mauro Mendes não pode concorrer novamente, mas decidirá o próximo governador de Mato Grosso e sedimenta sua candidatura a Senatoria e da esposa, Virginia Mendes para a Câmara Federal. A escolha é cada vez menos mistério nos corredores do poder:

“O Mauro vai bancar quem mantém o ritmo da gestão. Esse nome já existe”, reafirmou um secretário próximo ao governador.

Com o União sem alternativa e o PL sem paciência para Wellington, Pivetta já é tratado como sucessor inevitável.

O cenário retratado por lideranças políticas — tanto aliadas quanto opositoras — é categórico: Jayme Campos está fora do jogo. Wellington Fagundes está ´fritado´ no PL e Otaviano Pivetta está com o caminho livre.

Mato Grosso poderá até ter eleição em 2026 — mas pode não ter disputa real.

Com Jayme fora e Wellington isolado, Otaviano Pivetta tornou-se o único competidor com estrutura, apoio e força para vencer.

Se nada mudar drasticamente, a pergunta para os próximos meses não será quem vai vencer… mas quando Pivetta será oficialmente anunciado como o candidato do governo.