Cotidiano
Faculdade Fasipe ignora titulação acadêmica para contratar professores
Mensagens internas revelam que engajamento em ações institucionais pesa mais que mestrado ou doutorado na distribuição de aulas, contrariando o princípio básico da qualificação docente no ensino superior

Mensagens obtidas pelo Página 12 revelam que a coordenação de curso da Faculdade Fasipe adota critérios não acadêmicos para a distribuição de disciplinas, deixando claro que a titulação — como mestrado ou doutorado — não é determinante para definir horários e carga horária dos professores.
O conteúdo das conversas aponta que a prioridade é dada a docentes que participam de determinadas atividades institucionais, independentemente de sua formação ou nível acadêmico, o que vai na contramão do que se espera de uma instituição de ensino superior.
Em um dos diálogos, a coordenação do curso de odontologia da Faculdade afirma:
“Aqui não tem essa questão de professores com mais titulação, e sim professores que se envolvem nas ações”.
A declaração gerou indignação entre professores e especialistas, pois rebaixa a importância da qualificação acadêmica e pode comprometer a reputação e a qualidade do ensino oferecido.
Denúncias encaminhadas ao Página 12 - afirmam- que existem no quadro decente no curso de graduação de odontologia, professores recém formados e sem nenhuma titulação.
A situação levanta um questionamento central: como uma faculdade que chancela cursos, diplomas e pós-graduações pode minimizar a titulação acadêmica como critério para selecionar e valorizar seus docentes?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) estabelece que, para o magistério superior, a formação seja em nível de pós-graduação, preferencialmente mestrado ou doutorado. Ao relativizar esse parâmetro, a Fasipe abre espaço para dúvidas sobre a coerência entre seu discurso institucional e sua prática administrativa.
Leia também
ASSÉDIO MORAL Escândalo na Odontologia: Fasipe é investigada pelo MPT por transformar professores em panfleteiros para captar alunos ASSÉDIO MORAL Exclusivo: Prints mostram coordenadora de Odontologia da Fasipe intimando professores a panfletar até em dias de chuvaEspecialistas alertam que essa postura pode afetar: a qualidade do ensino e a profundidade do conteúdo ministrado; a credibilidade dos cursos perante o mercado e órgãos de fiscalização; a reputação acadêmica da instituição no cenário educacional.
Para alunos e egressos, surge a preocupação: se a titulação não é relevante para lecionar, qual o valor real do diploma emitido pela própria faculdade?
Em nota ao Página 12, a instituição negou qualquer prática irregular e afirmou que “preza pelo cumprimento da legislação trabalhista e pelo respeito à dignidade dos professores”.
A direção disse que os critérios internos consideram o engajamento dos docentes nas atividades institucionais.
Veja Print da Coordenadora da Faculdade
