Polícia
Irmãos Volpato na lama: empresário preso por desviar R$ 21 milhões do TJMT é irmão de ex-presidente do CRO-MT envolvido em rombo de R$ 40 milhões no CFO
João Gustavo Volpato, genro de desembargador do TJMT, foi preso por liderar esquema milionário de falsificação e desvio no Judiciário; seu irmão Luiz Evaristo já havia sido acusado de fraudes no Conselho Federal de Odontologia
A Polícia Civil de Mato Grosso prendeu nesta quarta-feira (30) o empresário João Gustavo Ricci Volpato, apontado como líder de um esquema criminoso que desviou mais de R$ 21 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O escândalo, revelado pela Operação Sepulcro Caiado, também levou à prisão sua mãe, a professora aposentada da UFMT Luiza Rios Ricci Volpato, e seu irmão Augusto Frederico Ricci Volpato.
João Gustavo, que é genro do desembargador Rubens de Oliveira, ex-presidente do TJMT, usava seus vínculos institucionais e conhecimento jurídico para articular a fraude com apoio de servidores, advogados e empresários. Segundo o Ofício nº 1071/2025-DDJ, ele é considerado o chefe da organização criminosa que falsificava guias judiciais e desviava valores por meio de alvarás forjados.
O que mais chama atenção é que João Gustavo Volpato é irmão de Luiz Evaristo Volpato, ex-presidente do Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT). Luiz Evaristo foi alvo de investigações em 2021 por um rombo de R$ 40 milhões no Conselho Federal de Odontologia (CFO), em Brasília, onde auditorias detectaram pagamentos irregulares, contratos superfaturados e desvio de verbas públicas.
Apesar de Luiz Evaristo não ser alvo da operação atual, a reincidência de escândalos envolvendo membros da mesma família volta a acender o alerta sobre o uso indevido de conexões institucionais para fins criminosos.
A matriarca da família, Luiza Volpato, é uma respeitada doutora em História, autora do livro Cativo do Sertão, e atuou por mais de 30 anos como professora titular da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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As buscas foram realizadas em Cuiabá e Várzea Grande, com mandados cumpridos em sete endereços. A polícia apreendeu barras de ouro, carros de luxo, jet ski, dinheiro em espécie e joias, revelando o padrão de vida sustentado pelo esquema.
O caso já foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), após indícios de envolvimento de autoridades com foro privilegiado. TJMT e OAB-MT já se pronunciaram publicamente.
A Polícia Civil afirma que novas fases da operação devem ocorrer em breve, com possibilidade de mais prisões e investigações em outras instâncias do sistema de Justiça e controle.