Brasil
Enem 2025: MEC anula três questões da prova; entenda
Instituto diz que vai acionar a Polícia Federal e que identificou "similaridades pontuais" com itens de pré-testes em redes sociais
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) afirmou que vai acionar a Polícia Federal para anular três questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025. A medida foi tomada após a identificação de "relatos de antecipação de questões similares" às do exame.
Em nota oficial, o Instituto reafirmou "a isonomia, lisura e validade das provas" da edição. A decisão pela anulação partiu da comissão assessora responsável pela montagem das provas, que analisou as circunstâncias com base em informações sobre a montagem do teste.
"Ao identificar relatos de antecipação de questões similares às do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, a equipe técnica que faz parte da comissão assessora responsável pela montagem das provas analisou as circunstâncias e decidiu, com base em informações sobre a montagem do teste, pela anulação de três itens aplicados na prova."
O Inep explicou que o Enem utiliza a Teoria da Resposta ao Item (TRI) para apuração de seus resultados, metodologia que "demanda que os itens sejam pré-testados".
O órgão afirmou que "nenhuma questão foi apresentada tal qual na edição de 2025 do exame."
A Polícia Federal foi acionada, segundo o Inep, para "apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida".
O Inep finalizou a nota dizendo que promove "diversas estratégias para calibrar as questões" do Banco Nacional de Itens e que "rigorosos protocolos de segurança" foram cumpridos em todas as etapas do exame.
"Adivinhador" do Enem
O cancelamento das questões acontece em meio a boatos que começaram a circular nas redes sociais que um estudante de medicina fez uma live dias antes da prova com o conteúdo que acabou, de fato, caindo no exame.
O cearense Edcley Teixeira, responsável pela live, apresenta-se nas redes sociais como um “mentor” de estudos. Com 17,5 mil seguidores no Instagram, o autodeclarado guru ostenta uma série de publicações onde detalha a habilidade de prever questões da prova.
Um dos vídeos mais repercutidos, que chegou a milhares de visualizações, mostrava um criador de conteúdo resolvendo um exercício de matemática dias antes da aplicação da prova. A similaridade entre o problema apresentado no vídeo e uma das questões reais do Enem levantou suspeitas imediatas de vazamento entre os candidatos.
A situação se tornou ainda mais polêmica quando um perfil conhecido como "Adivinhador do Enem" afirmou, em outra publicação, que sua intenção era justamente "testar os limites" do Inep.
Ele questionou publicamente se o instituto iria "correr atrás" dele, insinuando um possível conhecimento prévio sobre o conteúdo da prova. Essas publicações viralizaram, alimentando o debate e a desconfiança sobre a integridade do exame.
Diante da repercussão, o Inep se manifestou, classificando o caso como "similaridades pontuais" e anunciou a anulação de três itens.
Especialistas ouvidos pela CNN explicaram que o banco de itens do Enem é construído a partir de pré-testes, e que os criadores de conteúdo podem ter tido acesso a versões antigas desses testes, explorando uma brecha no processo que lhes permitiu fazer previsões com alto grau de acerto.